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Governos do Codesul alertam para limite no abastecimento de gás

O alerta para a necessidade de investimentos federais no abastecimento de gás na região Sul foi um dos principais pontos da reunião dos representantes do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul), realizada nesta segunda-feira, dia 19, em Florianópolis. O governador Raimundo Colombo, presidente do Codesul, recebeu o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e os vice-governadores do Paraná, Flávio José Arns, e do Mato Grosso do Sul, Simone Tebet. O vice-governador Eduardo Pinho Moreira também participou do encontro. Foi assinado e encaminhado um ofício para a Petrobras alertando sobre a situação e apresentando alternativas, como a implantação de um terminal de regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL) em um dos portos do Sul do Brasil.

“O gás é uma energia estratégica, fundamental para o nosso desenvolvimento e há uma procura muito grande na nossa região. Por isso, precisamos oferecer esse produto na quantidade necessária para as empresas”, destacou o governador Raimundo Colombo. Os quatro estados do Codesul são atendidos exclusivamente pelo Gasoduto Bolívia-Brasil (GASBOL), que limita a capacidade de operação para o Sul do país em 12 milhões metros cúbicos diários de gás natural – para todo o país são 30 milhões de metros cúbicos por dia. Atualmente a região opera no limite de sua capacidade de oferta. Segundo informações da Transportadora do Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), em janeiro de 2013, foi registrado a distribuição de 95,9% da capacidade de transporte.

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Segundo dados da SCGÁS, Santa Catarina tem um contrato com a Petrobras, que é importadora, de 2 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Mas no mês de julho, a SCGÁS entregou para o mercado uma média de 1,922 milhão metros cúbicos por dia. “Estamos no limite do nosso contrato, que vai até 2019. Não podemos ficar indefinidos nessa situação. A Petrobras precisa assegurar um suprimento adicional, para que possamos ampliar os nossos contratos com as empresas”, defendeu o presidente da SCGÁS, Cósme Polêse. Ele cobra, também, equidade na questão tarifária, pois o gás importado da Bolívia está cerca de 20% acima do preço do gás nacional e essa equação impacta as indústrias no Sul.

Estudo realizado pelo Grupo de Economia da UFRJ apontou uma demanda de mais de 30 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia até 2019 para os quatro estados do Codesul, o que fortalece a necessidade de ampliação imediata do suprimento. Apenas Santa Catarina, teria uma demanda de 2,869 milhões de metros cúbicos por dia em 2019.

Diante do problema, os quatro estados fizeram estudos detalhados em parceria com a UFRJ para apontar alternativas. “A primeira, emergencial e urgente, é repontencializar o gasoduto Brasil-Bolívia para ampliar a capacidade dele. A segunda, consiste na estruturação de um terminal de gás liquefeito. Esse gás vem liquefeito, 600 vezes menor, e pode chegar de navio, aportar em um dos portos da Região Sul, onde seria gaseificado novamente para ser injetado na rede”, apontou o presidente da SCGás.

O presidente da Fiesc, Glauco Côrte, anfitrião do encontro do Codesul, lembrou que o gás natural passou a ser um insumo valioso para o setor industrial na região Sul e que, hoje, os setores têxtil e cerâmico são absolutamente dependentes do suprimento. “Nós precisamos urgentemente achar uma solução. Temos conversado muito com a Petrobras e o governo federal, mas sem um encaminhamento favorável nesse sentido. Por isso, estamos fazendo uma nova mobilização para sensibilizar o governo federal. Se não for possível investimentos por parte do governo federal, que a iniciativa privada seja autorizada a operar nesse setor”, destacou.

Defesa Sanitária

No encontro desta segunda, os governantes do Codesul também assinaram um protocolo de cooperação que permite o compartilhamento da estrutura física das barreiras sanitárias nas divisas entre os estados para operações de emergência e promoção de ações conjuntas entre Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. O termo foi apresentado pelo secretário de Estado da Agricultura, João Rodrigues. Segundo o presidente da Cidasc, Enori Barbieri, o acordo também permitirá que uma equipe de um Estado possa entrar até 12 quilômetros no Estado vizinho para trabalhos de vigilância sanitária animal e vegetal. “Será uma área comum para trabalhos mais urgentes”, explica. Hoje, apenas Santa Catarina conta com mais de 60 barreiras sanitárias em operação.

Região Sul

Os representantes dos estados do Codesul também reforçaram a proposta de recriação de um grupo dentro dos moldes da extinta Superintendência de Desenvolvimento da Região Sul (Sudesul). A proposta é que o grupo articule com o Governo Federal os investimentos na região, principalmente em infraestrutura e logística, com destaque para a construção de novas ferrovias, explica o secretário de Estado de Planejamento de SC, Murilo Flores. Nesta segunda-feira, os governantes assinaram um documento a ser enviado para a presidente Dilma Rousseff oficializando a proposta, que já recebeu sinal positivo do Ministério da Integração Nacional. O secretário Flores destaca, no entanto, que a medida prevê uma estrutura bastante enxuta e eficaz. O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) ficou encarregado de montar um projeto para o modelo da estrutura.

O evento contou, ainda, com a presença do presidente da província argentina do Chaco, Jorge Milton Capitanich, que é presidente da Zona Centro-Oeste da América do Sul (Zicosul) e fez uma apresentação do bloco, destacando a importância da integração na região. Hoje, o único estado brasileiro que faz parte da Zicosul é o Mato Grosso do Sul. Leia mais sobre o Zicosul aqui.

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Alexandre Lenzi
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