Udesc Lages avaliará teor de elementos tóxicos em áreas de mineração para produção de pastagens
O Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em Lages, desenvolve projeto que avaliará o teor de elementos tóxicos nas plantas e nos solos de áreas recuperadas pós-mineração de carvão no Sul do Estado e destinadas à produção de pastagens. A pesquisa é orientada pela professora Mari Lucia Campos, coorientada pelo professor David Miquelluti e tem apoio da doutoranda Dreyce Bueno.
Os pesquisadores selecionaram seis áreas recuperadas após a mineração de carvão e que estão sendo utilizadas para a produção de pastagens. Três são áreas de depósito e outras três de mineração a céu aberto e se localizam em regiões que foram produtoras de carvão no Sul.
Entre elas, está a área de depósito recuperada pela Carbonífera Criciúma, onde será implantado o sistema Voisin, de manejo de gado e pastagem, que exige a intervenção humana permanente.
Os responsáveis pelo projeto, que deverá ser concluído em 2014, consideram a mineração uma das atividades humanas que mais contribuem para alteração da superfície terrestre, provocando expressivos impactos sobre água, ar, solo, subsolo e paisagem.
Outro projeto
A professora Mari Lucia Campos foi orientadora de outro projeto, desenvolvido em 2011, que avaliou os atributos químicos de um solo utilizado pós-mineração de carvão no Distrito de Guatá, em Lauro Müller. O trabalho serviu como dissertação da aluna Ariene Andreloa no Mestrado em Ciência do Solo, da Udesc Lages.
A pesquisa contatou deficiências referentes ao procedimento de construção topográfica empregada nas áreas pós-mineração, “o que demonstrou que os solos apresentam sérias limitações ao desenvolvimento dos processos de recuperação das áreas degradadas, influindo negativamente para a reabilitação dessas áreas e as subjacentes”.
As amostras coletadas nas áreas de mineração de ordem física foram avaliadas pelo Laboratório de Física e Manejo do Solo e as de origem química pelo Laboratório de Levantamento e Análise Ambiental da Udesc Lages.
Processo de degradação irreversível
De acordo com o projeto, o processo de degradação dos recursos naturais no Sul do Estado tornou-se alarmante e “provavelmente irreversível”, já que em algumas regiões a vegetação foi suprimida para a extração do carvão mineral e expansão das áreas agrícolas, “restando apenas formações secundárias em diferentes estágios”.
O trabalho constatou também que a degradação ambiental provocada por todas as etapas envolvidas na extração de carvão atua negativamente na qualidade do meio ambiente sob diversos aspectos. “Os recursos hídricos, o solo, o subsolo e a qualidade do ar sofrem influência direta destas atividades, contribuindo intensamente para o desaparecimento da fauna e flora dos ecossistemas”.
As atividades de extração causam também problemas como desmatamento, alteração da superfície topográfica e da paisagem, perda ou destruição de solos superficiais férteis, desestabilização dos lençóis freáticos e exposição de áreas aos fenômenos de dinâmica superficial, como erosão e assoreamento, revela a pesquisa da Udesc Lages.
Na região carbonífera de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, a poluição hídrica causada pela drenagem ácida de mina de carvão é provavelmente o impacto mais significativo das operações relacionadas à extração do mineral. “Essa poluição decorre da infiltração da água da chuva sobre os rejeitos gerados nas atividades de lavra e beneficiamento, que alcançam os corpos hídricos superficiais ou subterrâneos”, constata o trabalho.
Os pesquisadores observaram também que essas águas têm baixos valores de potencial hidrogeniônico (pH), que mede a acidez de uma solução aquosa, altos valores de ferro total, sulfato total e elementos que impedem a utilização para qualquer uso, além de destruir a flora e a fauna.
Assessoria de Comunicação da Udesc
Jornalista Valmor Pizzetti
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