Gerência de Educação de Itapiranga tem aluno classificado para etapa regional da Olimpíada de Língua Portuguesa
Um aluno da EEB Pe. Vendelino Seidel, de Iporã do Oeste, teve seu texto classificado para a fase regional da Olimpíada da Língua Portuguesa (OLP) – Escrevendo o Futuro 2014. Vinícius Meurer Fang escreveu um artigo de opinião, intitulado “Êxodo 20:12”, e foi orientado pelo professor Jaime André Klein.
O texto foi um dos classificados na etapa estadual e agora participará da etapa regional, que ainda não tem data e local definidos. Ao todo, já foram realizadas três etapas da OLP – escolar, municipal e estadual – e participaram quatro tipos de gêneros: crônicas, poemas, memórias literárias e artigos de opinião.
Segundo a coordenadora da Olimpíada de Língua Portuguesa da 31ª Gerência de Educação, da Secretaria de Desenvolvimento Regional de Itapiranga, Laerte Inês Giehl Stülp, todos os alunos e professores que participaram da edição de 2014, mesmo os que não classificaram seus textos, estão de parabéns pelo trabalho realizado em cada uma das unidades escolares. “Isso já os torna vencedores! A Gerência de Educação também parabeniza o aluno, professor e a escola classificada para a etapa regional”, comentou.
“Quando fizemos a seleção interna, havia textos muito competitivos. Escolhemos o do Vinícius, pois trazia um problema mais regional, que foi a proposta do tema deste ano, ‘O lugar onde eu vivo’. Eu estava confiante, mas não sabia qual seria o olhar que os outros teriam sobre o texto”, disse o professor língua portuguesa, Jaime.
Para o aluno Vinícius, a notícia da classificação foi uma surpresa muito boa. “Eu me empenhei para escrever o texto e fiquei feliz que ele tenha sido bem avaliado. Escrevi esperando o melhor, mas não achei que chegasse tão longe. Foi mesmo uma grande surpresa”, revelou Vinícius, que tem 16 anos e está na segunda série do Ensino Médio.
Confira, abaixo, na íntegra, o texto escrito pelo jovem:
Categoria: Artigo de opinião
Título: Êxodo 20: 12
Escola: EEB Pe. Vendelino Seidel
Professor: Jaime André Klein
Aluno: Vinícius Meurer Fang
O mundo que nos cerca atualmente, possui uma realidade muito distinta da que se apresentava há décadas atrás, quando a questão abordada é o trabalho no meio rural. Antigamente esse trabalho servia, na maioria dos casos, única e exclusivamente como um trabalho de subsistência, e sem outras oportunidades de emprego, esta era a melhor opção.
Com o passar dos anos, o crescente desenvolvimento do meio urbano veio acompanhado paralelamente com o de vagas de emprego neste mesmo meio, o que despertou o interesse das pessoas do meio rural, que viram ali, oportunidades de mudar de vida, ter um salário fixo, e uma jornada previamente estabelecida. Fato que pode ser amplamente observado, até mesmo na pequena cidade onde vivo, Iporã do Oeste, que se localiza a 500 Km à oeste da capital Florianópolis.
A faixa etária que mais se vislumbrou com essas novas oportunidades e seus benefícios é a de 15 a 20 anos, ou seja, os jovens do nosso meio rural. Segundo dados do IBGE, de 2000 até 2010, a porcentagem dos mesmos convivendo e trabalhando no meio rural sofreu um decréscimo de dois por cento.
Há no meio rural, jovens que saem das propriedades de suas famílias atrás de estudo e conhecimento, pois apesar da vontade de permanecer e ajudar seus pais, não possuem a possibilidade de seguir seus sonhos sem recorrer as cidades.
Ao optar em viver nas cidades, os jovens levam em consideração vários aspectos, dentre eles o período de trabalho. Segundo o presidente do sindicato rural, “o jovem urbano chega na sexta-feira, pendura o boné dele na fábrica e volta só na segunda. E no meio rural teria que estar permanentemente, porque, dependendo da atividade que ele desenvolve, é de segunda a segunda”. Outro quesito que pesa enormemente na balança da escolha é o lado financeiro. Com o trabalho rural, não há como ter a certeza que o lucro vingará no final do mês, e partindo do pressuposto que a sociedade em que vivemos instiga o consumo, as pessoas não terão como satisfazer seus desejos. Já o trabalho urbano, apresenta uma renda fixa, algo que raramente se alterará para menos, e que apresenta a disponibilidade de planejamento.
Em Iporã do Oeste, por ser um município basicamente agrícola, onde 49% da população reside no campo, podemos também analisar outra consequência do êxodo rural por parte dos jovens. As famílias, sem sucessores para suas propriedades não conseguem investimentos financiados pelos bancos, e ao fim das contas, acabam obrigadas a vender a propriedade para produtores vizinhos, que incorporam-na à sua terra.
Segundo o IBGE, o número de jovens que deixam o campo pela cidade ainda não estagnou, mas os programas criados pelo governo começam a surtir efeito, e a porcentagem vem caindo gradativamente. Além desses programas, a sociedade em geral começou a dar mais respeito à classe trabalhadora do campo, que antes era vista como menos desenvolvida, e que agora começa a mostrar seu potencial e importância para todos.
Logo, basta ao jovem pôr em prática o conselho dado em Êxodo 20:12, “que você viva muito tempo na terra que lhe foi dada por herança” utilizando a vontade de inovar afim de não precisar compartilhar da árdua vida que seus pais tiveram no campo, pois se há um setor que nunca deixará de ser necessário é o agrícola.