Servidor cego é campeão em paraciclismo em etapa nacional
Apaixonado por ciclismo, Alírio Seidler, 45 anos, é deficiente visual desde os 13 e divide seu tempo entre o trabalho como telefonista na Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS) e os treinos para os campeonatos de paraciclismo que participa.
O sorriso estampado no rosto revela o orgulho com a mais nova medalha que ganhou destaque na parede da casa: o primeiro lugar da segunda etapa no campeonato nacional da Copa Brasil de Paraciclismo, em São Paulo.
Natural da cidade de Águas Mornas, Alírio pedala desde 2011, após um convite inesperado de um amigo, Ricardo Carvalho, que o chamou para fazer parte do projeto Novo Horizonte, que reúne ciclistas, todos com deficiência visual, aos sábados para pedaladas em Florianópolis. Com bicicletas adaptadas no modelo conhecido como “Tandem”, com bancos duplos, eles contam com guias nos pedais.
Alírio explica que tanto nas provas de pista, como nas de estrada, a bicicleta tandem (para duas pessoas) é mais pesada que a convencional e, portanto, requer mais força na pedalada. Como guia e atleta, um completa o outro, os treinamentos são mais lentos, justamente porque se faz mais força.
Conhece de um modo singular cada lugar da Ilha de Santa Catarina. O barulho do vento, o cheiro do mar, o calor do sol , são percepções que o ajudam a gravar na memória, cada lugar que já passou.
“Foi uma atividade que foi se tornando muito gratificante, comecei a servir de exemplo para outras pessoas”, lembra Alírio.
As competições no paraciclismo começaram em 2013, quando foi convidado a participar da sua primeira competição estadual, pela Fundação Municipal de Esporte de Florianópolis. A partir dali não parou mais e hoje coleciona medalhas: em 2014/2015 foi segundo colocado na campeonato nacional da Copa Brasil de Paraciclismo, em 2016 e 2017, ficou em terceiro lugar e em 2018 conquistou o tão sonhado primeiro lugar na segunda etapa, de três, da Copa Brasil. A próxima etapa ocorre em agosto.
Além do seu guia de ciclismo Paralímpico, Otávio dos Santos, conhecido por Tavinho, que o acompanha nas competições, Alírio tem também a companhia da esposa em pedaladas não oficiais, a mulher, Inês Berlanda Seidler, que também é deficiente visual e gosta de pedalar. O casal tem uma filha de 17 anos, Alice Seidler. Na garagem de casa, as várias bicicletas penduradas mostram a paixão da família.
Agora, Alírio intensifica os treinos, está focada em ganhar a etapa final do Campeonado Brasileiro e ser o campeão de 2018. Para isso, acorda todos os dias às 6h para conseguir conciliar a rotina de trabalho, academia e treinos.
“Pedalar me dá uma sensação muito boa, e uma vontade de fazer sempre o meu melhor”, conclui.
{article Mônica Foltran – Desenvolvimento Econômico Sustentável – SDS}[text]{/article}