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Segunda fase do Plano Diretor da Estiagem começa na próxima semana

Depois de finalizada a primeira fase dos trabalhos de levantamentos de informações para elaboração do Plano Diretor da Estiagem de Santa Catarina, profissionais, técnicos e estudantes da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) começam trabalhar os preparativos para a segunda fase dos trabalhos que se concentram no Oeste de Santa Catarina.

Conforme o Diretor de Prevenção da Defesa Civil do Estado, Fabiano de Souza, os trabalhos de campo terão início na próxima semana, quando começam as oficinas. “Identificar causas e consequências. Boas práticas da comunidade serão analisadas,” ponderou.

Uma entrevista com o professor Mário Jorge Coelho de Freitas na Udesc, responsável pelo trabalho, dá uma dimensão de como o projeto é desenvolvido.

Ascom/Secretaria da Defesa Civil  (SDC): Como funciona o processo de pesquisa nessa segunda fase?
Professor Mário Jorge Coelho de Freitas: Esta primeira fase foi essencial em diagnóstico. Essencialmente documental. Ou seja, pegar dados das mais diversas fontes disponíveis estaduais e nacionais. E, compilá-las, tratá-las, analisá-las, complementá-las. Essa segunda parte, é a parte de trabalhar com as pessoas. O que significa que nós vamos fazer visitas, em primeiro lugar fazer visitas de campos, pra identificar boas e más práticas, falar com agentes relevantes. E, por outro lado fazer oficinas com uma linguagem muito simples, com setores convidados como que serão defesa civil, outros setores técnicos e sociedade civil e socioeconômico interessado: agricultura, indústrias, vão ser chamados a participar e através de uma metodologia de identificação do problema, sugerindo alternativas bem não técnicas, cruzar depois com informações técnicas. Então, esse encontro entre a participação das pessoas, como elas veem a estiagem, que causas atribuem e que soluções podem ser utilizadas e os dados recolhidos, trabalhar para dar essa visão do caminho para fazer um Plano Diretor de Estiagem, para criar um mecanismo de resiliência comunitária.

SDC: Nessa primeira fase houve dificuldade no levantamento de informações, ou a região é muito rica em documentos.
Professor Freitas: Não. Houve muita dificuldade. Isso é passado para a Secretaria e Diretoria de Prevenção. Há dificuldade por vários motivos. Primeiro, é difícil coletar dados porque muitas vezes existem instituições dizem que não podem nos fornecer. Porque nem todos são deles. Então, fica um processo muito longo, como todos processos que você conhece, burocráticos. Então, o que se consegue obter são dados parciais. O que impossibilita muitas vezes, por exemplo, sobre clima. Nós estamos fazendo uma abordagem totalmente nova, baseada em reanálise. Que interpreta imagens de satélites, por insuficiência de dados. Por outro lado, os dados muitas vezes não estão corretos. Os dados muitas vezes não estão numa escala espacial congruentes. Ou seja, tem dados que estão em nível de Bacia, mas nos estamos trabalhando política administrativa na microrregião do município. Tem dados geológicos, cobertura de solo a uma escala que não se aplica a que nós trabalhamos. Então, é muito difícil. O Estado, a Defesa Civil, claro, mas o Estado como um todo terá que começar criar condições para a coleta de dados sistemática, numa base de trabalho que possa ser cruzada.

SDC: Quando a gente fala dessa segunda fase, ela vai dar o norteador para que se conclua também os métodos, as práticas a serem desenvolvidas na região?
Professor Freitas: É essa ideia. Quando eu disse que as oficinas vão trazer a opinião desses atores, sobre como eles identificam as causas e os fatores condicionantes da estiagem. Como eles veem soluções e como ponderam cada uma das soluções. E confrontar com nosso ponto de vista. Em princípio será um conjunto de evidência, que juntamente com o trabalho que nós realizamos, vai nos permitir sugerir aspectos centrais para o Plano Diretor que a Defesa Civil vai elaborar. Então, estou convencido que já sai um material bastante adiantado, mas obviamente que depois terá que ser parametrizado e tem que ser no Plano Diretor. 

SDC: O Desafio nessa segunda fase maior é a compreensão ou auxílio mútuo da comunidade e do poder público?
Professor Freitas: Acho que é. É conseguir criar esse diálogo de cooperação. Porque nós temos a perspectivas de atribuir responsabilidades, as culpas… Efetivamente, o problema da estiagem compete a todos. E se nós conseguirmos criar esse clima de cooperação entre comunidade, órgãos públicos, todos, e Defesa Civil. Acho que toda a gente vai ser beneficiada. A resiliência não é da Defesa Civil, a resiliência é da comunidade.

Segundo o professor, serão 118 municípios beneficiados com o Plano Diretor na Região Oeste. De acordo com os primeiros levantamentos, o que contribui para o cenário de estiagem prolongada nesses municípios é o uso inadequado dos recursos naturais. O comparativo foi feito com informações da década de 1970. Entre 1991 e 2012, foram registradas 1.518 ocorrências de estiagem e ou seca no Estado. A grande maioria, no Oeste, com 1.170 casos. Os municípios que tiveram maior volume de acontecimentos foram Coronel Freitas, 18 fatos, Itapiranga e Jaborá com 17 cada um.

Informações adicionais para a imprensa
Paulo Cesar Santos
Assessoria de Imprensa 
Secretaria de Estado da Defesa Civil
Fone: (48) 3664-7009 / 9185-3889
E-mail: defesacivilsc@gmail.com
Site: www.defesacivil.sc.gov.br