Projeto da Epagri mapeia a disponibilidade e a demanda por água em SC
As informações geradas serão fundamentais para a gestão dos recursos hídricos em Santa Catarina (Foto: Aires Mariga / Epagri)
Levantar dados da quantidade de água disponível no Oeste Catarinense e se ela está próxima de quem precisa, para saber onde há escassez e que ações podem ser feitas para minimizar essa vulnerabilidade. Esse é o objetivo de um projeto de pesquisa da Epagri/Ciram que destacamos na data de hoje, em que se comemora o Dia Mundial da Água. Até 2025, o estudo terá informações importantes para a gestão dos recursos hídricos no Estado, fazendo com que a água não falte no setor agropecuário diante de fenômenos climatológicos como La Niña, que causa seca prolongada e deve voltar a atuar no Sul do Brasil no segundo semestre de 2024.
O pesquisador em hidrologia da Epagri/Ciram e coordenador do projeto, Guilherme Xavier de Miranda Junior, relata que os prejuízos da estiagem são mais representativos na agropecuária comparados aos demais setores da economia catarinense. Segundo o Atlas Nacional de Desastres Naturais, de 2000 até 2022 a agricultura e a pecuária de Santa Catarina registaram perdas de mais de R$17 bilhões por conta da estiagem, o que representa 97,70% do total de perdas daquele período provocadas pela seca.
“Estiagem causa mais prejuízo que enchente e queremos nos preparar para que essas perdas não ocorram mais. A partir dos dados desse projeto, o setor público terá subsídios para avaliar se é viável criar projetos estruturais – como irrigação, construção de cisternas, barragens ou outras estruturas para captação de água – como não estruturais, a exemplo recomposição da mata ciliar, reuso da água, educação ambiental. O objetivo é que se tenha água no local onde precisa dela”, explica Guilherme.
Plataforma de análise de dados
As informações levantadas no projeto vão alimentar uma plataforma de análise permanente de dados e índices hidrológicos, que servirão para analisar o risco de vulnerabilidade hídrica por município e por bacia hidrográfica. Guilherme conceitua a vulnerabilidade hídrica como uma medida da susceptibilidade de uma região ou área a problemas relacionados com a água como escassez, qualidade inadequada, poluição e outros desafios relacionados a esse recurso natural.
Um dos dados levantados no projeto é a demanda de água do setor agropecuário, obtida no cadastro de usuários das empresas de abastecimento e na Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de SC (Cidasc). Já a infraestrutura hídrica faz parte de registros da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Economia Verde (SEMAE). Dados hidrológicos da área do projeto como a precipitação, vazão, entre outros, estão na Epagri ou em outras instituições como Agência Nacional de Águas (ANA), Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Também serão usados dados de sensoriamento remoto para ter informações detalhadas do volume de água armazenado.
“Em alguns pontos existe mais demanda que oferta. Com a plataforma, queremos criar indicadores específicos de vulnerabilidade hídrica, combinando diversos dados e fatores relevantes para determinadas áreas. O projeto inicia no Oeste Catarinense por ser a região com mais concentração de empreendimentos agropecuários e consequentemente de mais demanda hídrica para essas atividades”, diz Guilherme.
Este é um dos diversos projetos de pesquisa que estão em andamento na Epagri relacionados à qualidade da água no Estado. Junto a eles, a Empresa desenvolve diversas ações no campo com esse objetivo, como você confere a seguir.
Ações para conservação da água diante de eventos climáticos
A Epagri preconiza a adoção de boas práticas agronômicas para a mitigação dos impactos das adversidades climáticas na agricultura que causam a falta de água. A extensionista rural Juliane Justen, coordenadora do programa Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental, destaca que essas práticas não apenas aumentam a resiliência das colheitas, mas também contribuem para a preservação dos recursos naturais, a segurança alimentar e a sustentabilidade a longo prazo da agricultura, desempenhando um papel crucial na adaptação aos desafios climáticos que afetam a produção de alimentos.
Dentre as ações realizadas pela extensão rural da Epagri nas propriedades catarinenses estão a implantação de tecnologias de conservação do solo e da água, proteção de nascentes e matas ciliares e captação e armazenamento de água. De 2023 para cá, foram alcançados os seguintes resultados:
- 12.802 famílias foram assistidas em práticas de conservação do solo, tais como promoção da cobertura do solo, rotações de culturas e mínimo revolvimento do solo. Isso abrange uma área de 21 mil hectares, dos quais 942 hectares foram terraceados e 509 novas áreas foram implementadas com o Sistema Plantio Direto de Hortaliças (SPDH);
- 755,5 mil m³ de água foram armazenados em reservatórios ou cisternas, e mais de 400 hectares foram equipados com algum sistema de irrigação;
- 409 propriedades receberam proteção para nascentes, a exemplo das fontes modelo Caxambu, e foram estabelecidos 67,8 hectares de novas áreas para a implantação de matas ciliares, visando a sua recuperação.
Viabilização de acesso às políticas públicas
A Epagri é a responsável pela operacionalização das políticas públicas estaduais e federais que permitem o acesso de recursos pelos agricultores. Em 2023, os técnicos da Empresa elaboraram 1809 projetos que permitiram o acesso de mais R$52,6 milhões para investimentos em captação, armazenamento e distribuição de águas nas propriedades.
Mais informações e entrevistas:
– Guilherme Xavier de Miranda Junior, pesquisador em hidrologia na Epagri/Ciram, fone (48) 3665512
– Juliane Justen, coordenadora do programa Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental da Epagri, fone (47) 3526-3083
Informações para a imprensa
Isabela Schwengber, assessora de comunicação da Epagri
(48) 3665-5407/99167-3902