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Prevenção é a melhor opção no combate ao câncer de colo uterino

O câncer de colo do útero é o terceiro mais freqüente na população feminina e a quarta causa de morte em mulheres por câncer no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Na Maternidade Carmela Dutra, em Florianópolis, referência regional para tratamento do tumor, 4 a 7% dos casos que apresentam alguma alteração celular inicial causada pelo vírus evoluem para o câncer. No ambulatório da unidade, são atendidas cerca de 140 pacientes todos os meses.

O Papilomavírus Humano, conhecido como HPV, é responsável por 99% dos casos de câncer de colo do útero. Para o ginecologista Ricardo Maia, diretor da Carmela Dutra, o uso do preservativo e o exame preventivo têm papel fundamental no combate à infecção por HPV e outros vírus. 

SES – Como o câncer de colo do útero se desenvolve?
Dr. Ricardo Maia – Isso acontece em etapas. Geralmente inicia pela infecção do HPV, que evolui para uma lesão inicial chamada Neoplasia Intra Celular (NIC) de graus I, II e III. O estágio mais avançado é o tumor, que pode ser local (só no colo) ou invasor (podendo comprometer a bexiga, os rins, ureter). Por isso, é importante que a mulher faça o exame preventivo anualmente, pra que a infecção seja diagnosticada na fase inicial. Se ela tem dois exames anuais negativos, ela passa a fazer esse exame a cada três anos. Esse é um grande rastreador do câncer de colo do útero e da infecção pelo HPV. O vírus é tratado e se for detectada uma lesão inicial, que a gente chama de NIC I, é feito um acompanhamento. Em casos de NIC II e III já é considerada a intervenção cirúrgica, bem como quando o câncer já está instalado. Na cirurgia é feita uma avaliação para saber se o tumor já se estendeu.

SES – Qual é a função do colo do útero?
Dr. Ricardo Maia – A grande função do colo do útero é ser a porta para o nascimento. Ele é um prolongamento do útero onde ocorre a dilatação. Se o colo fosse fechado, a mulher não teria condições de ter parto normal. O útero contrai, o colo abre e o bebê nasce. É um órgão que está em contato com os órgãos sexuais e com infecções, especialmente o HPV, que é transmitido sexualmente em 95% dos casos.

SES – O HPV é a causa exclusiva do câncer de colo do útero?
Dr. Ricardo Maia – 99% dos tumores são causados pelo HPV. Infecções de repetição crônicas por bactérias ou fungos, se não foram tratadas podem causar alterações celulares, facilitando a infecção pelo HPV.

SES – Quais os sintomas mais comuns?
Dr. Ricardo Maia – Quando o câncer já está instalado, porque a paciente não tem o diagnóstico ou porque não fez o preventivo, os principais sinais são: dor na relação sexual e sangramentos. Nem toda dor e nem todo sangramento é câncer. Mas esses sinais precisam ser investigados com exames ginecológicos, como o papanicolau e a colposcopia, feita com a ajuda de um microscópio para saber se há alguma alteração celular.

SES – É possível que uma pessoa seja portadora do vírus HPV e não ter sintomas?
Dr. Ricardo Maia – Sim. Às vezes, o vírus somente ainda não foi suficiente para provocar alguma alteração no colo, não dá sintoma nenhum. Por isso, a importância do exame preventivo, regularmente.

SES – Há alguma faixa etária mais suscetível ao câncer de colo do útero?
Dr. Ricardo Maia – São as pacientes com vida sexual ativa, considerando-se faixa de risco entre os 26 e os 50 anos. Mas isso depende de cada paciente e de quando teve sua primeira relação sexual.

SES – Com relação ao diagnóstico precoce, tem-se conseguido fazê-lo na maioria dos casos?
Dr. Ricardo Maia – Sim. Como a maternidade é um hospital de referência regional para esse tipo de câncer, há pacientes que já chegam ao ambulatório de patologia cervical com a doença instalada e sem diagnóstico prévio. No entanto, é raro.

SES – Que fatores influenciam na prevenção do câncer de colo do útero?
Dr. Ricardo Maia – A relação sexual com uso de preservativo é fundamental. A camisinha protege tanto contra o HPV, como contra o HIV, sífilis, hepatite, e tantos outros males sexualmente transmissíveis. A vacina, embora a rede pública disponibilize para determinada faixa etária, pode ser feita em qualquer idade, também na rede privada. E mesmo que a paciente já seja portadora do vírus, o ideal é que faça também a vacinação, para que diminua no seu organismo a carga viral.

SES – Como é o tratamento dos casos de infecção pelo vírus e dos casos de câncer instalado?
Dr. Ricardo Maia – O tratamento segue algumas etapas. Se for detectado apenas o HPV, a paciente será monitorada a cada seis meses com exames preventivos ou colposcopia. Se for constatado que há infecção por HPV e existem mais alterações celulares tipo II e III,  a possibilidade de cirurgia é avaliada para retirar aquele fragmento do colo do útero onde o vírus está localizado. Depois da cirurgia, a paciente passa por um acompanhamento de seis em seis meses, depois anualmente, até que a situação esteja controlada. O HPV não tem cura, ele tem controle.

SES – Em quais casos é indicado realizar quimioterapia ou radioterapia?
Dr. Ricardo Maia – A radioterapia, mais usada nesse tipo de tumor, é adotada quando realmente há câncer de colo invasor. Nesse caso, o médico oncologista avalia se a paciente fará cirurgia ou radioterapia, ou os dois. Às vezes, a radioterapia é indicada para substituir a cirurgia, pois o procedimento de retirada do útero, do colo, dos ovários e trompas é bem radical. A intensidade do comprometimento do tumor é o que vai definir o que será feito.

SES – Como ocorre a transmissão do HPV?
Dr. Ricardo Maia – Somente pelo ato sexual.

SES – Qual a principal orientação quando o assunto é câncer do colo uterino?
Dr. Ricardo Maia – As principais orientações são: uso do preservativo e vacinação. Além disso, o exame de papanicolau anualmente na rede básica. O mais importante é a prevenção.

Informações adicionais para a imprensa:
Ana Paula Bandeira 
Secretaria de Estado de Saúde/SC
e-mail: anap@saude.sc.gov.br
Telefone: (48) 9113-6065 / 3221-2149