Pesquisa com pastagens transcende gerações de cientistas na Epagri em Lages

O pesquisador Ulisses de Arruda Córdova (de azul) coordena na Epagri estudo desenvolvido por instituições de todo o Sul do país (Fotos: Pablo Gomes / Epagri)
A mais antiga unidade da Epagri faz jus aos seus 113 anos de existência não apenas pelo imponente casarão histórico localizado no alto de um morro na região central da cidade, mas também por estudos que transcendem gerações de cientistas.
A Estação Experimental de Lages tem o foco na pecuária de corte, com pesquisas voltadas à sustentabilidade, tecnologia e ecossistemas de inovação. E dentre os mais de 45 projetos em andamento, alguns destacam-se pela longevidade.
É o caso de um experimento que busca identificar as pastagens mais resistentes às baixas temperaturas da região mais fria do Brasil. Desenvolvido há mais de três décadas por instituições de todo o Sul do país, em Lages o estudo está sob responsabilidade do engenheiro-agrônomo Ulisses de Arruda Córdova, colaborador da Epagri há 40 anos. “O estudo objetiva encontrar cultivares que venham suprir o déficit forrageiro outonal e prolonguem o uso das pastagens na Serra Catarinense, suportando as condições climáticas que são mais severas aqui”.
Prestes a se aposentar, Ulisses sabe que o trabalho não pode parar. Afinal, pode causar impacto direto na pecuária, uma das principais atividades econômicas da Serra Catarinense. Por isso, há alguns meses, passou a acompanhar o colega Joseli Stradioto Neto, também agrônomo, pesquisador há 35 anos na Epagri e que, em breve, tomará a frente do projeto.

“É um trabalho contínuo. Trabalhamos incessantemente para que novos materiais sejam anualmente estudados e possamos mostrar aos produtores os potenciais em termos de produtividade e resistência ao frio. A pesquisa procura dar esta resposta aos produtores, para que consigam produzir melhor, com mais qualidade e rentabilidade, tanto no leite como na carne”, diz Joseli.
O futuro como legado da história
Paralelamente, a Epagri investe em maneiras de tornar o estudo indispensável no futuro, assim como era quando começou. “O nosso objetivo é melhorar a qualidade de vida no meio rural em benefício de toda a sociedade. Então, através da pesquisa com melhoramento genético e introdução de novas sementes melhoradas, a Epagri tem conseguido levar tecnologia ao campo para a maior eficiência da propriedade rural”, conclui o engenheiro-agrônomo Dediel Junior Amaral Rocha, há dez anos na instituição.
E, assim, a Epagri trabalha não só na preservação e continuidade de um trabalho iniciado há quase meio século e que está prestes a entrar em uma nova fase, mas também aposta na troca de experiências entre os cientistas, na renovação do conhecimento e na implantação de novas tecnologias para garantir uma sucessão exitosa e continuar contribuindo com os catarinenses.
Por: Pablo Gomes, jornalista bolsista Epagri/Fapesc