Modelo de análise inédito mapeia fatores e riscos associados à violência doméstica na Serra catarinense
Foto: Divulgação / Facisc
Santa Catarina dá mais um passo decisivo na luta contra a violência doméstica. Em uma iniciativa inédita e inovadora, a Polícia Militar de Santa Catarina e a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), por meio do projeto Protótipo Alpha PMSC Ordem Pública 5.0, concluíram um modelo de análise sobre os fatores e riscos associados à violência. O documento, que se concentra em entender as causas e padrões, fornece dados importantes que contribuem com a prevenção e combate a essa grave questão social.
Com a expertise de especialistas nas áreas da saúde e social, o modelo de análise, que tem as primeiras referências nos municípios que compõem o Protótipo Alpha, como Bom Jardim da Serra, Curitibanos, Lages, São Joaquim e Urubici, promete revolucionar a abordagem da violência doméstica, oferecendo um conjunto de dados para a inteligência organizacional e para o aperfeiçoamento e desenvolvimento de políticas públicas ainda mais eficazes.
A inovação do modelo de análise destaca-se pela profundidade com que aborda a violência doméstica, um fenômeno que vai além das agressões físicas e psicológicas e afeta não apenas mulheres, mas também idosos, crianças e outros membros vulneráveis dentro do ambiente familiar. O documento mapeia os fatores que potencializam a perpetuação dessa violência em diversas formas, incluindo abuso financeiro, negligência e controle emocional. A metodologia utilizada, que envolve a análise de artigos científicos, foi testada em uma amostra inicial de 10 boletins de ocorrência, permitindo a identificação de padrões frequentemente ignorados, mas essenciais para intervenções preventivas eficazes.
“Sabemos que a violência doméstica não é um evento isolado. Ela é o resultado de uma série de fatores que podemos e devemos interromper. Por isso, este modelo de análise é tão importante, já que nos permite enxergar o tema de uma forma mais ampla e profunda. Estamos falando de vidas que podem ser salvas quando se age preventivamente”, afirma Daniela Rosa de Oliveira, especialista da área de saúde do Protótipo Alpha.
A outra especialista, focada na área social, acrescentou: “é essencial que entendamos que a violência doméstica está diretamente ligada ao contexto social e psicológico das vítimas e dos agressores. Identificar esses fatores pode ser a diferença entre o ciclo contínuo de violência e tomarem as rédeas da vida novamente. Nosso trabalho, junto aos municípios do projeto, é contribuir para transformar esse conhecimento em ação concreta”, enfatiza Ana Paula Ribeiro.
Entre os fatores associados à violência doméstica, que estão divididos em cinco áreas, destacam-se a presença de abuso psicológico contínuo, dependência financeira e isolamento social das vítimas.
Dados
A região Serrana apresenta uma taxa de 18,59 casos a cada 1.000 habitantes. Esses dados, mesmo refletindo o fenômeno nacional, reforçam a urgência de intervenções e respostas locais de prevenção.
“E foi por este motivo que surgiu o Protótipo Alpha, com o objetivo de identificar e monitorar os fatores associados à violência doméstica e letal, articulada com o desenvolvimento sustentável, com foco em aprimorar as políticas públicas, tornando-as ainda mais eficientes e direcionadas para as necessidades específicas de cada região. Nossa missão é transformar esse modelo de análise em histórias de superação e vidas protegidas”, ressaltou o coordenador do projeto pela PMSC, tenente coronel Frederick Rambusch.
Protocolos e intervenções baseados em evidências
E o modelo de análise já começou a contribuir para a construção de projetos que poderão auxiliar nas ações práticas nos territórios, como o uso de dados para tomada de decisão. Um exemplo são as Câmaras Técnicas do Protótipo Alpha, que estão orientando aos municípios a construção de protocolos para atendimento às vítimas de violência doméstica, usando como uma das bases esses fatores e riscos associados. Mais do que isso, esses materiais estão sendo pensados para serem ferramentas de prevenção, utilizando as informações coletadas para agir antes que o pior aconteça.
“Não se trata apenas de atender aos casos de violência de forma reativa. Precisamos agir preventivamente, e este documento contribui para isso. Acredito que, transformar dados em ações concretas é o caminho para uma sociedade mais segura para todos, especialmente para as mulheres”, frisa a supervisora de campo do projeto pela Facisc, Carol Cruz.
Por Comunicação Protótipo Alpha PMSC Ordem Pública 5.0