Estudantes da Escola de Educação Básica Lúcia Fernandes Lopes, localizada no bairro São Luís, em Lages, estão se aprofundando em um assunto que ultrapassa fronteiras. Há algumas semanas, eles começaram a discutir a imigração haitiana no Brasil, especialmente na cidade onde moram.

Nos últimos meses, muitas pessoas passaram a trocar a pequena e pobre ilha do Caribe pelas cidades brasileiras em busca de trabalho, segurança e melhores condições de vida. Lages também entrou no roteiro da imigração, e atualmente os haitianos vivem em grande número na cidade.

Um deles é Daniel Rozin, de 32 anos. Sobrevivente da guerra civil e do terremoto que matou mais de 300 mil pessoas em janeiro de 2010, incluindo amigos próximos, Daniel chegou a Lages há pouco mais de um ano e, há dois meses, ganhou a companhia da mulher, com quem tem um filho de três anos que ainda está no Haiti.

Voluntários querem levar o assunto a outras escolas da região

Por iniciativa do músico Rafael Tizatto, que em 2015, na universidade, se aprofundou no assunto no curso de Geografia e também o aborda em canções com a sua banda de rock, Daniel e sua esposa foram até a escola contar suas experiências de vida.

Daniel, que já fala e escreve com certa facilidade em português, relatou o drama vivido pelo seu povo e disse que encontrou em Lages o lugar onde pretende passar a vida com a família. Agora na companhia da mulher, ele trava uma luta burocrática para trazer o filho, atualmente sob os cuidados de parentes em Porto Príncipe, capital do Haiti.

“Estamos felizes em Lages. Fomos muito bem recebidos, eu já tenho um bom emprego e até jogo futebol com os meus novos amigos. A minha maior tristeza é não ter nosso filho aqui, mas tenho muita esperança de trazê-lo o quanto antes”.

Ao fim do bate-papo na escola, que emocionou alunos e professores, Daniel e sua esposa foram homenageados com canções compostas pelos próprios estudantes e que falam sobre a saga dos imigrantes haitianos em busca de uma vida melhor em várias partes do mundo.

Agora, os estudantes continuarão tratando do tema com novas ferramentas, como uma peça teatral. Já Daniel, sua esposa e o músico Rafael pretendem percorrer outras escolas públicas da cidade para incentivar os alunos, seus pais e amigos a receberem bem os haitianos e trata-los como cidadãos lageanos, com respeito, amizade e sem qualquer tipo de discriminação.

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Pablo Gomes
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