Hepatites virais: diretor da Vigilância Epidemiológica fala sobre sintomas e prevenção
Consideradas doenças silenciosas, as hepatites virais nem sempre apresentam sintomas. No Brasil, milhares de pessoas não sabem que são portadoras do vírus que ataca o fígado. Os vírus mais comuns em Santa Catarina são do tipo A, B e C, e provocam cansaço, dor abdominal, fezes claras, peles e olhos avermelhados, febre, tontura, enjôo e/ou vômitos, além de urina escura. Desde maio, a vacina contra a hepatite B está disponível nos postos de saúde para todas as pessoas de zero a 49 anos. Além dessa faixa etária, há outros grupos prioritários que também podem tomar a vacina via SUS (veja abaixo).
Fábio Gaudenzi, diretor da Vigilância Epidemiológica (DIVE), explica que a hepatite B é transmitida pelo sangue e/ou nas relações sexuais sem o uso de preservativo. Segundo ele, também é possível pegar a doença pelo compartilhamento de agulhas e seringas, lâminas de barbear ou de depilação, materiais de manicure, escovas de dentes ou por meio de materiais para a confecção de tatuagens e colocação de piercings.
O diretor da DIVE destaca que a gestante portadora de hepatite B também pode transmitir o vírus para o seu bebê. Por isso, é importante que ela realize o teste para a detecção do vírus no pré-natal. “As principais formas de prevenção contra a hepatite são o uso do preservativo e a vacina”, acrescenta o infectologista.
Desde maio, o Ministério da Saúde (MS) ampliou a vacinação contra hepatite B para o grupo etário de 30 a 49 anos em todo o território brasileiro. Até então, eram imunizadas gratuitamente pessoas de zero a 29 anos. A vacina está disponível nas 1.070 salas de vacina da rede pública de saúde distribuídas em todo o Estado e também no Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE), em Florianópolis, para os grupos prioritários.
Uma das estratégias para controlar a epidemia de hepatite B, que tem como principal fator de risco a transmissão sexual (50%), é a intensificação da vacina para todas as pessoas com idade até 49 anos. Para isso, é necessária ampla divulgação pelos meios de comunicação e que os municípios também desenvolvam atividades de apoio como intensificação e monitoramento de cobertura vacinal. “O objetivo é alcançarmos uma cobertura mínima de 95% dessa população alvo”, destaca Gaudenzi.
Hepatite C
A hepatite C é transmitida principalmente pelo sangue. As outras formas de transmissão são semelhantes às da hepatite B. Porém, a sexual é menos freqüente. Mas pessoas que receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993 podem ter contraído a doença.
Atualmente, a prevenção da hepatite C é feita pelo rigoroso controle de qualidade dos bancos de sangue de Santa Catarina, tornando mínimo o risco da transmissão da doença por meio de transfusões.
Registros epidemiológicos referentes ao período entre 1994 e 2012 revelam que foram notificados 9.544 casos da doença em Santa Catarina. Do total, 67% são em homens e 33% nas mulheres. A faixa etária mais atingida é a de 30 a 49 anos, o que corresponde a 58% dos casos notificados. A categoria de exposição predominante é a de usuário de drogas injetáveis/inaláveis, que representa 23% dos casos notificados.
“Na ausência de uma vacina contra a hepatite C, o melhor é optar pela prevenção, evitando o compartilhamento de escovas de dente, lâminas, tesouras ou objetos de uso pessoal, bem como seringas e outros instrumentos usados na preparação e consumo de drogas injetáveis e inaláveis”, orienta Gaudenzi.
Já a imunização contra hepatite B é realizada em três doses, com intervalo de um mês entre a primeira e a segunda dose e de seis meses entre a primeira e a terceira dose (0, 1 e 6 meses). A vacina, após administração do esquema completo, induz imunidade em 90% a 95% dos casos.
A vacina contra hepatite B está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), integrante do SUS, para as seguintes situações:
– vítimas de abuso sexual;
– vítimas de acidentes com material biológico positivo ou fortemente
suspeito de infecção por VHB;
– comunicantes sexuais de portadores de HBV;
– profissionais de saúde;
– hepatopatias crônicas e portadores de hepatite C;
– doadores de sangue;
– transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea;
– doadores de órgãos sólidos ou de medula óssea;
– potenciais receptores de múltiplas transfusões de sangue ou
politransfundidos;
– nefropatias crônicas/dialisados/síndrome nefrótica;
– convívio familiar contínuo com pessoas portadoras de HBV;
– asplenia anatômica ou funcional e doenças relacionadas;
– fibrose cística (mucoviscidose);
– doença de depósito;
– imunodeprimidos;
– populações indígenas;
– usuários de drogas injetáveis e inaláveis;
– pessoas reclusas (presídios, hospitais psiquiátricos, instituições de
menores, forças armadas, etc.);
– carcereiros de delegacias e penitenciárias;
– homens que fazem sexo com homens;
– profissionais do sexo;
– coletadores de lixo hospitalar e domiciliar;
– bombeiros, policiais militares, policiais civis e policiais rodoviários;
– profissionais envolvidos em atividades de resgate.
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Ana Paula Bandeira
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