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Após chuvas de 2008, Epagri consolida a melhor e maior rede de estações meteorológicas do país

Há dez anos, Santa Catarina vivia uma das maiores tragédias de sua história. As fortes chuvas que caíram sobre o estado entre os dias 20 e 25 de novembro de 2008 causaram enchentes e deslizamentos que deixaram 133 mortos, 22 desaparecidos e mais de 78 mil pessoas desalojadas ou desabrigadas. Foram cerca de 60 municípios afetados e mais de 1,5 milhões de pessoas atingidas nas regiões do Litoral Norte, Vale do Itajaí e Grande Florianópolis.

O Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia da Epagri (Epagri/Ciram) teve importante papel nesse episódio, alertando autoridades e população para o risco que se aproximava e monitorando os volumes de chuva registrados. As informações geradas pela equipe de meteorologistas da unidade foram essenciais para pautar as ações da Defesa Civil e de outros tomadores de decisão.

Histórico

Outubro de 2008 já foi chuvoso. Em novembro a situação se agravou, com 21 dias de chuva. Naquele mês, os totais mensais de precipitação superaram os 600mm, chegando próximo de 1000mm em Blumenau e Luiz Alves. A média normal de chuva nestas regiões em novembro é de 150mm.

As chuvas acumuladas em novembro de 2008 no Litoral Norte e Vale do Itajaí estiveram entre 350 e 400% acima do esperado, e aproximadamente 270% acima da média na região da Grande Florianópolis.

O período concentrado entre os dias 21 e 24 foi especialmente chuvoso. Os totais de chuva atingiram valores entre 500mm e 600mm em Blumenau e Luiz Alves. Nesse intervalo de tempo, os maiores volumes de chuva acumulados em 24 horas ocorreram em São Francisco do Sul (295,6mm), Blumenau (337,4mm e 283,1mm), Balneário Camboriú (252,4mm e 233,8mm), Joinville (232,1mm), Itapoá (213,2mm e 195mm), Luiz Alves (192,6mm), Itajaí (186,7mm) e Florianópolis (160,1mm).

O evento de novembro de 2008 se firmou como o de maior volume histórico de chuva em Santa Catarina. Em Blumenau, os 1002mm anotados naquele mês superaram os recordes de mais de 500mm registrados em janeiro de 1989 e julho de 1983. Em Joinville, o recorde de precipitação anterior era de 831,9 mm, registrado em fevereiro de 1995 e superado pelos 968,8mm verificados em novembro de 2008.

Atuação da Epagri

A Epagri teve importante atuação durante o desastre natural, não apenas no que se refere à meteorologia. Profissionais da Empresa lotados nas regiões afetadas se mobilizaram para dar apoio às famílias atingidas, tentando minimizar os prejuízos e evitar mortes. Equipes saíram por terra, barco e até pelo ar em apoio aos trabalhos de resgate e reconstrução.

Na Epagri/Ciram foram mobilizados técnicos das áreas de meteorologia, hidrologia, solos e geoprocessamento. Toda a base de dados hidrometeorológicos e georreferenciados também foi disponibilizada para auxiliar o comando das forças armadas e Defesa Civil.

A equipe de geoprocessamento fez, a pedido do Deinfra, um levantamento das condições dos acessos ao Complexo do Baú, para uma primeira avaliação dos prejuízos causados ao sistema viário. Eles participaram de um sobrevoo de helicóptero, que cobriu quase 200 Km de vias e acessos em uma área de aproximadamente 350 quilômetro quadrados. Foram identificados 61 pontos de obstrução, prontamente georreferenciados com GPS, identificados em imagens de satélite de alta resolução e classificados segundo o uso e cobertura do solo predominante.

O que aprendemos

O desastre natural acontecido em novembro de 2008 marcou para sempre a história de Santa Catarina e influenciou de forma decisiva a trajetória da Epagri. O grave evento serviu para sensibilizar as autoridades para a necessidade de fortalecimento da rede de monitoramento ambiental. São estações meteorológicas, agrometeorológicas e hidrológicas instaladas em todo o Estado para medir de forma automática níveis de chuva e de rio, temperatura do ar, vento e outras variáveis ambientais. “Hoje temos a melhor rede de superfície estadual do Brasil, em termos de confiabilidade, manutenção preventiva, estabilidade, transmissão, processamento dos dados, qualidade dos dados e densidade”, afirma Hamilton Justino Vieira, gerente da Epagri/Ciram.

A rede de monitoramento gerenciada pela Epagri conta com cerca de 250 estações próprias. Somam-se a esses números estações de outras instituições, como Inmet, Agência Nacional de Águas (ANA), Celesc, entre outras, cujos dados são lançados no banco digital da Epagri.

Todas as medições feitas por esses equipamentos são armazenadas no banco de dados agrometeorológicos da Epagri/Ciram, um patrimônio dos catarinenses. Ele reúne dados coletados desde 1940 e, acompanhando o crescimento da rede, se expandiu de forma impressionante nos últimos dez anos. Em 2008, entravam, em média, nesse banco, 1.574 dados por hora, 37.793 por dia e 1.133.807 por mês. Em 2018, esse índice subiu para 4.227 novos dados a cada hora, 101.454 por dia e nada menos que 3.043.637 dados a cada mês.

Com o crescimento do banco de dados, os pesquisadores da Epagri/Ciram desenvolveram nos últimos dez anos novos produtos e serviços. Em março de 2013 a unidade começou a operar a Sala Situação, instalada com recursos da ANA. Lá são monitorados diuturnamente níveis de rios e de chuva por todo o Estado. A Sala emite Avisos Hidrológicos para alertar em casos de risco de cheia ou estiagem. Os Avisos são publicado no site e nas redes sociais da Epagri/Ciram e também disparados para autoridades e população em geral por e-mail e WhatsApp.

Com a consolidação da Sala de Situação foi criado, em 2015, o Rios On-line. Esse produto, hospedado no site da Epagri/Ciram (http://ciram.epagri.sc.gov.br), permite o acompanhamento em tempo real dos níveis de rios monitorados em todo o Estado e apresenta relevantes picos de acesso durante eventos de fortes chuvas. Em 2016 foi criado nesse mesmo modelo o Litoral On-line, que publica medições de maré, temperatura do mar e outras variáveis da zona costeira.

O Agroconnect, que emite avisos de favorabilidade ao surgimento de doenças em diversas culturas agrícolas, é mais um produto que nasceu a partir do adensamento da rede de monitoramento ambiental. Também é o caso do Apis On-line, que juntou estações meteorológicas e colmeias em diferentes pontos do Estado para desenvolvimento de estudos que relacionem a produção de mel com as condições de tempo e clima.

Em março do ano que vem a Epagri/Ciram planeja lançar a versão do Rios On-line para aplicativos de celular, nesse primeiro momento monitorando em tempo real os níveis de rios na região de Concórdia. Também no primeiro semestre de 2019 cada cidadão poderá baixar em seu celular um aplicativo colaborativo, onde vai registrar condições de tempo verificadas em sua localidade e que não são detectadas pela rede de estações automáticas, como geada, neve e granizo. Esse aplicativo está sendo desenvolvido em parceria com o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e as informações geradas por ele vão enriquecer o banco de dados da Epagri/Ciram.  

Veja reportagem produzida pela TV da Epagri (https://drive.google.com/file/d/14p7c3or2-Nlr-e9Dw8qLtp_8I76QJXXz/view) que retrata o caso de uma família rural do Morro do Baú, em Ilhota, que deu novo e promissor rumo aos seus negócios depois de ver sua produção agrícola destruída pelo desastre de novembro de 2008. Tudo graças ao apoio da extensão rural da Epagri.

Informações para a imprensa: 
Gisele Dias, jornalista: (48) 9989-2992 / 3665-5147
Cinthia Freitas, jornalista: (48) 3665-5344
Isabela Schwengber, jornalista: (48) 3665-5407