Alunos e professores de escola catarinense criam extrusora de fios de impressão 3D a partir de garrafas PET
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Você sabia que uma garrafa PET pode levar até 600 anos para se decompor na natureza? E que esse material pode ser reciclado quantas vezes forem possíveis sem perder suas propriedades? Pois é, essas são algumas das características do PET, um tipo de plástico muito usado em embalagens de bebidas, alimentos e produtos de limpeza.
Mas o que fazer com tantas garrafas PET que são descartadas todos os dias? Uma ideia inovadora surgiu na Escola de Educação Básica Emiliano Ramos de Capão Alto, na Serra Catarinense. Alunos e professores criaram uma máquina capaz de transformar garrafas PET em fios de impressão 3D, que podem ser usados para criar diversos objetos, como peças de decoração, brinquedos e utensílios domésticos.
A máquina é chamada de extrusora pelo professor de física Lucas Rafael Elis e pelos alunos Renata Varela Garcia e José Guilherme Corrêa, do terceiro ano do ensino médio. Eles contaram com o apoio da Secretaria de Estado da Educação para desenvolver o projeto.
Como funciona a extrusora?
A extrusora é um equipamento que recebe o material plástico triturado e o aquece até derretê-lo. Em seguida, o plástico derretido passa por um bico extrusor que molda o fio na espessura desejada. O fio é resfriado por um ventilador e enrolado em um carretel.
O diferencial da máquina criada na escola é o sistema de trituramento do material. Segundo o professor Lucas, a maioria das extrusoras disponíveis no mercado exige que o plástico seja cortado em pedaços pequenos antes de ser inserido na máquina. Isso demanda muito tempo e trabalho manual. Já a extrusora da escola possui um triturador acoplado que permite que as garrafas PET sejam colocadas inteiras na máquina, facilitando o processo.
Quais são os benefícios da extrusora?
A extrusora traz benefícios tanto para o meio ambiente quanto para a economia. Ao reciclar as garrafas PET, a máquina evita que elas se acumulem em lixões ou aterros sanitários, poluindo o solo e a água. Além disso, a reciclagem reduz a extração de petróleo, matéria-prima do plástico, diminuindo a emissão de gases de efeito estufa.
Do ponto de vista econômico, a extrusora pode gerar renda para as pessoas que trabalham com reciclagem. O professor Lucas explica que uma garrafa PET custa cerca de R$ 0,20 no mercado da reciclagem. Já um quilo de fio de impressão 3D pode custar até R$ 60. Como uma garrafa PET pesa cerca de 40 gramas, isso significa que com 25 garrafas é possível produzir um quilo de fio, gerando um lucro de 200%.
O fio de impressão 3D também pode ter outras aplicações além da impressão tridimensional. Por exemplo, ele pode ser usado como fio para máquinas de cortar grama ou como matéria-prima para artesanato.
Quais são os próximos passos?
Agora, o próximo passo é tornar a máquina comercializável. A equipe pretende criar uma startup para produzir e vender a extrusora para outras escolas, universidades, empresas e pessoas interessadas em reciclagem e impressão 3D. Para isso, eles contam com o apoio da Sala Makers da escola, um espaço equipado com ferramentas e materiais para estimular a criatividade e o empreendedorismo dos alunos.
O diretor da EEB Emiliano Ramos, Antonio Matos Vieira Junior, afirma que a extrusora é um exemplo de como a educação pode transformar vidas e contribuir para o desenvolvimento sustentável. Ele diz que o projeto envolveu diversas áreas do conhecimento, como física, química, matemática, informática e comunicação. Além disso, ele ressalta que a extrusora despertou nos alunos o interesse pela ciência e pela inovação.
“Esse projeto mostrou aos nossos alunos que eles são capazes de criar soluções para os problemas do mundo. Eles se sentiram motivados a aprender mais e a buscar novos desafios. Eles também perceberam que podem fazer a diferença na sociedade com suas ideias”, diz Antonio.