Epagri se une à Fundação do Meio Ambiente de Itajaí para transformar casca de coco em fertilizante
A Epagri se uniu à Fundação do Meio Ambiente de Itajaí (Famai) para encontrar uma solução sustentável para o destino das cascas de coco verdes geradas pela comercialização da água da fruta no município. Os pesquisadores da Estação Experimental da Epagri em Itajaí (EEI) estão estudando três maneiras de transformar as cascas em adubo orgânico para ser usado em hortas comunitárias e escolares, jardins da cidade ou qualquer outro cultivo rural ou urbano.
A casca de coco verde é um problema para o sistema de lixo da cidade. Durante a temporada de verão, esse material pode representar mais de 60% dos dejetos recolhidos nas praias, envolvendo um grande esforço do sistema de coleta e reciclagem dos resíduos urbanos. Atualmente esse material é destinado a aterros sanitários, mas, como é muito volumoso, diminui a vida útil destes espaços. “Devido aos importantes custos econômicos e ambientais ocasionados pela geração dos resíduos das cascas de coco, esse aspecto vem sendo tratado com preocupação pela sociedade local”, conta Rafael Ricardo Cantú, pesquisador da EEI.
Há cerca de um mês Cantú iniciou os testes para descobrir a forma mais eficiente de transformar o que era lixo em adubo orgânico. Estão sendo comparados três métodos de compostagem, buscando estabelecer a melhor maneira de produzir o fertilizante, na forma de composto orgânico. As três metodologias usam a casca de coco já moída por um equipamento que a Famai disponibilizou à Epagri para a pesquisa.
Num dos métodos, a casca de coco moída é revolvida automaticamente por uma máquina, para promover a aeração do material. Na segunda forma que está sendo testada, o ar é inserido no resíduo orgânico com um compressor de ar. E o terceiro método testa a oxigenação natural da casca moída, sem nenhum tipo de intervenção.
Dentro de um ou dois meses esses adubos estarão prontos para serem testados em hortas e outros cultivos, explica Cantu. Nessa etapa da pesquisa serão avaliados a qualidade do composto produzido, o tempo para produção e os problemas enfrentados durante o processo.
“Como resultado parcial podemos afirmar que, imediatamente após o início da compostagem, nenhum dos três métodos apresentou condições presentes em muitos adubos orgânicos, como mau cheiro, produção de chorume e atração de moscas”, esclarece o pesquisador da Epagri. “Por não ter mau cheiro, já podemos afirmar que esse composto seria adequado ao uso em meio urbano, em hortas caseiras em vasos com plantas para ambientes internos”, adianta ele.
Até o final do ano a equipe de pesquisadores da EEI vai apresentar os resultados do projeto à Famai, que poderá utilizar a melhor fórmula para produzir fertilizante que será usado na jardinagem dentro do perímetro urbano, em hortas escolares e de instituições beneficentes. Ele também poderá ser distribuído a agricultores para utilização nos diversos cultivos de plantas.
Cantú revela que o fertilizante também poderá ser produzido por produtores rurais ou associações deles, pois a máquina e o sistema de compostagem têm custo baixo, acessível a pequenos agricultores. “O processo pode até mesmo gerar renda, pois a casca apresenta um elevado custo para as prefeituras e empresas de reciclagem, que poderão disponibilizar gratuitamente o material ou até mesmo pagar para os agricultores reciclarem”, prevê o pesquisador, que conta que isso já é feito com outros resíduos.
A pesquisa tem apoio financeiro do CNPq, da Fapesc e da Prefeitura Municipal de Itajaí.
Mais informações e entrevistas
Rafael Ricardo Cantú, pesquisador da Estação Experimental da Epagri em Itajaí, pelo fone (47) 3398-8659.
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