Educação inclusiva tem melhorado a rotina de alunos em escola de Chapecó

Somos todos especiais de algum modo. Talvez seja por isso que na EEB Professora Luiza Santin, em Chapecó, a educação inclusiva acontece de forma natural, simples, eficiente e acolhedora. A escola atende um total de 853 alunos do ensino fundamental e médio e desses, 36 alunos, têm algum tipo de deficiência e transtorno, mas o dia a dia deles é tão normal, que, muitas vezes, nem dá para perceber que ali há um trabalho de educação pública, feito com muito conhecimento, estudo, organização, dedicação, afeto e principalmente amor.
Dos 36 alunos, há 13 alunos com deficiência mental, dentre eles, 03 com Síndrome de Down, 02 com Deficiência Auditiva (surdos), 04 com autismo e 17 com Transtorno de Déficit de Atenção. Os alunos inclusivos estudam juntos, na mesma sala, na mesma cadeira, usam os mesmos livros e cadernos, mas têm atividades complementares, adaptadas de acordo com a necessidade individual, observando a singularidade, a rotina, e valorizando a história de cada um.
A convivência entre os alunos é harmoniosa. O depoimento de Max Vitor da Silva, 09 anos, do 4° ano, vespertino, é um exemplo desse jeito de encarar as diferenças sem preconceitos. Ele conta que ajuda um colega autista a se acalmar em situações difíceis, o ajuda nas aulas de Libras e no recreio dirigido. Outros colegas demonstram a mesma atenção e carinho pelo aluno.
O pai de Bryan Arthur Schneider, Neimar Schneider, mecânico, disse que o trabalho da escola é extremamente importante no desenvolvimento do filho que é autista. Disse que em casa, Bryan melhorou muito deste que mudou de escola. “Ele está mais concentrado, mais tranquilo, conversa mais, tem melhores relacionamentos com a família, parentes e amigos e consegue conviver melhor com o barulho”, afirma.
A orientadora de educação, Marineusa Savaris que coordena o trabalho na EEB Luiza Santin, professora há 28 anos trabalhando com a educação especial, informa que a educação inclusiva conta com o apoio dos segundos professores na sala de aula que ajudam os alunos a fazerem as adequações, atendendo as necessidades deles, apreendendo as mesmas coisas que os demais alunos, mas respeitando o modo de apreender de cada um. “Como profissional e como ser humano, a gente não precisa ressaltar a deficiência, a deficiência muitas vezes, é visível e o que a gente precisa ressaltar é a potencialidade e a capacidade que ele tem”, observa. Para as professoras Suzana Maleski e Suzana Guerezi, “cada pequena conquista que eles têm representa uma grande vitória para toda a escola’’.
Na EEB Luiza Santin também há a sala do SAEDE – Serviço de Atendimento Educacional Especializado e Lucas Tartarazi de 09 anos, frequenta a sala, geralmente à tarde, porque pela manhã ele vai nas aulas do 3° ano. Lucas é hiperativo e no Saede a professora Camila Miotto complementa os estudos com material lúdico, mas com função organizacional e rotineira, como colocar no quadro, o dia da semana, colocar as fotos dos colegas que estão na aula e no computador, aprende com os joguinhos. Lucas disse que gosta muito da escola porque ali fez amigos, os professores são bons e a escola é muito divertida.
No 7° ano, estuda Mylena Mayer Dutra, com 12 anos. Ela conta que seus pais são surdos e ela aprendeu os sinais da Lingagem Brasileira de Sinais (LIBRAS), desde que tinha um ano e meio de vida. Hoje ela ajuda os pais a irem numa consulta médica por exemplo. E na escola, ajuda todos os alunos que precisam desta atenção especial. “Me sinto melhor, me sinto um ser humano privilegiado’’, disse Mylena.
Em Santa Catarina, a inclusão educacional começou em 1987, com a deflagração da matrícula compulsória e em 2006, implantou-se definitivamente a educação especial em todas as escolas. De lá para cá, o Estado se tornou exemplar nesta modalidade de ensino. Hoje o Estado, segundo dados do SIGESC, tem mais de 20 mil alunos que são público alvo da educação especial e dos quais quase 8 mil, estudam e recebem atendimento em sala de aula. A meta do PNE – Plano Nacional de Educação, é chegar em 2024, com toda a população com idade de 04 a 17 anos, que tenham algum tipo deficiência, tenham acesso a educação básica e ao atendimento educacional diferenciado na rede regular de ensino.
Na GERED de Chapecó, a inclusão das pessoas com deficiência e transtornos tem sido uma realidade. Há uma preocupação da Gerência em garantir o acesso e a permanência com aprendizagem do público alvo da educação especial. Os dados apresentados pela Integradora de Educação Especial e Diversidade da GERED de Chapecó, Professora Claudia Simone Fantin, afirmam o crescimento acelerado dos alunos incluídos. Veja os números:
– São 47 serviços de SAEDEs oferecidos em 43 escolas de abrangência da GERED/ SDR de Chapecó, atendendo em torno de 450 alunos com deficiência, transtornos invasivos de desenvolvimento e altas habilidades/superdotaçao;
– Em 39 escolas temos segundos professores, totalizando 297 segundos professores para contribuir nas turmas de 520 alunos beneficiados com o profissional.
– 10 alunos surdos são atendidos com 09 professores bilíngues; 26 alunos surdos são atendidos com 11 intérpretes e 06 instrutores de LIBRAS trabalham com esses alunos nos SAEDES e dão aulas de LIBRAS para os alunos ouvintes das escolas regulares.
– 06 alunos são atendidos por 05 professores em atendimento domiciliar;
Segundo a Professora Claudia, a educação inclusiva gradativamente tem sido absorvida como um princípio natural do processo escolar. O respeito e a preocupação dos profissionais das escolas com a aprendizagem dos alunos público alvo da educação especial tem sido percebido em cada relato dos professores, em cada sorriso dos alunos e em cada agradecimento feito pelos familiares dos alunos da educação especial. “Tornar a escola e a sociedade inclusivas para todos tem sido o grande anseio meu e de todas as pessoas que compreendem que todos os seres humanos devem ter oportunidades iguais, mesmo que tenhamos singularidades”, completa.
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