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Saúde faz balanço sobre tratamento de câncer infanto-juvenil no Estado

O câncer em crianças e adolescentes é mundialmente considerado uma doença rara. Em Santa Catarina, assim como no Brasil, do total de pessoas com câncer, 1% a 3% são jovens com idade entre um e 19 anos. No entanto, representa a primeira causa de morte por doença nessa faixa etária, excetuando causas externas e mal definidas. Infelizmente o diagnóstico e o encaminhamento do paciente, muitas vezes, são feitos tardiamente, diminuindo assim, as chances de cura da doença.

Dia 23 de novembro é a data nacional de Combate ao Câncer infanto-juvenil, instituída por lei, em 2008, com objetivo de estimular ações preventivas e educativas relacionadas ao câncer infantil. Por isso, a Secretaria de Estado da Saúde apresenta um retrato do tratamento da doença, em Santa Catarina. Em comemoração a esse dia, uma série de ações estão sendo programadas pelo Hospital Infantil Joana de Gusmão e pela Associação dos Voluntários da Saúde do HIJG,. O “Novembro Dourado”, com a instituição do laço dourado que é a cor da fita da consciência do câncer infanto-juvenil, é uma das ações de conscientização. Nesse dia ocorrerá a distribuição de material educativo alertando a comunidade para os sintomas da doença. No dia 24 de novembro, na Avenida Beira-mar Norte, em Florianópolis, haverá um passeio ciclístico, corrida de 5km e de 10km, além de uma caminhada com o objetivo de conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer infanto-juvenil.

O Estado conta com cinco centros oncológicos de alta complexidade, com equipamentos e profissionais qualificados. Os centros de terapia oncológica estão distribuídos em Florianópolis, Joinville, Blumenau e Criciúma. A estrutura para o tratamento do câncer infanto-juvenil realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é considerada suficiente para atender toda a demanda do Estado.

As maiores dificuldades, no entanto, estão relacionadas ao diagnóstico precoce e ao encaminhamento do paciente em tempo hábil para os centros de tratamento. “Os sinais e sintomas do câncer infantil são inespecíficos, podendo ser confundidos com doenças comuns da infância. O diagnóstico precoce é influenciado por um conjunto de fatores, como a atenção da família à criança, a procura imediata por atendimento médico, a perspicácia e sabedoria do médico em considerar a possibilidade de câncer, estabelecendo o pronto diagnóstico e adequado encaminhamento, bem como pela rapidez na realização de exames que auxiliam no diagnóstico pelos municípios”, observa a coordenadora Administrativa do Serviço de Oncologia do Hospital Infantil Joana de Gusmão, a médica Tatiana El-Jaick Costa.

A coordenadora Técnica do Serviço de Oncohematologia do HIJG, médica Denise Bousfield da Silva, explica que, para que a criança receba um tratamento adequado e tenha maior taxa de cura, ela deve ser encaminhada para tratamento no estágio inicial da doença. “Os pediatras e clínicos dos municípios devem estar preparados e atentos a determinados sinais e sintomas inexplicáveis e persistentes, incluindo o câncer na sua hipótese diagnóstica”, destaca a pediatra, oncologista e hematologista.

Entre os sinais e sintomas relacionados ao câncer pediátrico são a anemia, dores ósseas e articulares, febre, emagrecimento, fraqueza persistente e inexplicável, sangramentos, cefaleia, vômitos persistentes e progressivos, transtornos na visão, pupila branca. Na pele podem ser percebidas adenomegalias (aumento dos gânglios), aumento de volume ou aparecimento de tumores pelo corpo, aparecimento de acne, pelos pubianos e voz mais grave antes da puberdade.

Muitas vezes os pacientes são encaminhados para tratamento em estágios avançados da doença. Nesses casos, o tratamento precisa ser mais intensivo e tem menores chances de cura. A Coordenadora técnica do Serviço de Oncohematologia do HIJG destaca ainda que “mesmo apesar de muitos pacientes serem encaminhados com a doença mais avançada, a taxa de sobrevida dos pacientes atendidos no HIJG foi de 75,7% nos últimos 4 anos”.

Santa Catarina não tem demanda reprimida para o atendimento dos pacientes com câncer. No Estado, há quatro hospitais com centro oncológico pediátrico e o Centro de Pesquisas Oncológicas de Santa Catarina (Cepon), em Florianópolis, que atende adolescentes e jovens adultos da faixa etária de 15 a 30 anos. Todos prestam atendimento pelo SUS. Além do Cepon, o Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG), em Florianópolis, e do Hospital Infantil Doutor Jeser Amarante Faria, em Joinville, que são instituições públicas estaduais, há também tratamento contra o câncer nos hospitais Santo Antônio, em Blumenau, e no São José, em Criciúma, entidades filantrópicas credenciadas para atender pacientes com câncer pelo SUS.

Em casos pontuais, em que haja necessidade da realização de transplante de medula óssea, os pacientes são encaminhados para outros Estados. O Hospital Infantil Joana de Gusmão atende, anualmente, uma média de seis crianças que precisam de transplante de medula, número considerado baixo. “De acordo com o Ministério da Saúde, para justificar a abertura de um centro específico para transplante de medula, esse número deveria ser maior”, argumenta Denise Bousfield, acrescentando que o centro especializado em transplante de Porto Alegre supre as necessidades de SC e do Rio Grande do Sul.

Cepon, referência no atendimento de sarcomas ósseos em adolescentes
O Centro de Pesquisas Oncológicas atende adolescentes com mais de 15 anos de idade com diagnóstico de câncer. Além disso, é um centro de referência no atendimento de sarcomas ósseos, neoplasia de elevada prevalência nos adolescentes.

Em julho deste ano, foi criado oficialmente o Serviço de Adolescentes e Jovens Adultos (Ajas) do Cepon para atender os pacientes da faixa etária de 15 a 30 anos. O serviço possui uma equipe especializada e multidisciplinar com dois oncologistas clínicos e dois pediátricos, um nutricionista, uma pedagoga, um fisioterapeuta e uma psicóloga. Há também equipes de suporte com radioterapia e cirurgia oncológica, torácica, urológica, ortopédica, neurocirurgia, entre outros.

Atualmente são realizados cerca de 100 atendimentos médicos ambulatoriais por semana e os pacientes recebem atendimento multidisciplinar conforme suas necessidades.

Segundo a coordenadora do Serviço de Adolescentes e Adultos Jovens do Cepon, Lizana Arend, “adolescentes e jovens com câncer é um grupo particular de pacientes com necessidades psicossociais e de tratamento diferentes de adultos e crianças, desta forma precisam de uma equipe preparada para atender suas demandas específicas“.

Hospital Infantil Joana de Gusmão, referência em SC
O Hospital Infantil Joana de Gusmão é referência no tratamento oncológico pediátrico em Santa Catarina e consegue atender de imediato toda a demanda do Estado que é encaminhada à unidade de saúde. O hospital conta com equipe multiprofissional, médicos com atuação clínica e cirúrgica, estrutura física hospitalar e ambulatorial, além da casa de apoio, localizada próximo ao hospital para o atendimento dos pacientes.

A instituição conta com 14 leitos para internação na Unidade de Oncohematologia e 20 leitos para administração de quimioterapia a nível ambulatorial. De acordo com a Coordenadora Técnica do Serviço de Oncohematologia do HIJG, em 2012 foram realizadas 6,846 mil consultas ambulatoriais, 6,595 mil quimioterapias sistêmicas (mais comum, através da corrente sanguínea), 545 quimioterapias intra-tecais (através de pulsão lombar para o tratamento de algumas leucemias e linfomas) e 483 procedimentos cirúrgicos. Denise informa ainda que no período de 2009 a 2012, 29,7% dos pacientes eram provenientes da Grande Florianópolis e 70,3% dos outros municípios do Estado. O serviço de radioterapia pediátrica para os pacientes do Hospital Infantil é realizado no Hospital de Caridade.

Hospital Infantil Jeser Amarante Faria atende o Norte do Estado
O Centro de Oncologia Pediátrica do Hospital Infantil Doutor Jeser Amarante Faria, em Joinville, possui 20 leitos de internação. Na unidade são realizadas, em média, 130 consultas ambulatoriais, 365 quimioterapias e quatro cirurgias oncológicas por mês. Na região, o serviço de radioterapia, mais raro em crianças, é prestado pelo Hospital Municipal São José, também em Joinville.

Gilberto Pasqualotto, responsável técnico do serviço de oncologia do Jeser Amarante Faria, explica que a instituição atende plenamente crianças das regiões do Vale do Itajaí e todo Norte de Santa Catarina. “Tratamos crianças de várias regiões do Estado. Não temos fila de espera, o paciente chega à emergência e em poucos minutos é atendido”, esclarece Pasqualotto.

Hospital Santo Antônio, apoio na região de Blumenau
O serviço oncológico pediátrico do Hospital Santo Antônio, em Blumenau, realiza, por mês, 40 consultas, 12 sessões de quimioterapia e duas radioterapias. A instituição filantrópica também possui o serviço de cirurgia pediátrica.

A oncologista pediatra Marcela Barros e Sousa, responsável pelo serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital Santo Antônio, explica que o hospital atende crianças com câncer dos municípios de Blumenau, Gaspar, Ilhota, Luís Alves e Pomerode. “Possuímos um centro oncológico muito bem equipado, com profissionais preparados para atender toda a demanda da região e com capacidade para assistir mais pacientes”, destaca Marcela.

Hospital São José, tratamento oncológico no Sul de SC
Desde fevereiro de 2012, o Hospital São José, em Criciúma, também atende crianças com câncer dos 27 municípios que fazem parte das Associações dos Municípios do Extremo Sul Catarinense (Amesc) e da Região Carbonífera (Amrec). O hospital conta com oito leitos de internação, além de atendimento de quimio e radioterapia.

“Não temos demanda reprimida. Internações de urgência são feitas no mesmo dia. E quando os municípios agendam consulta, elas são marcadas para no máximo o dia seguinte”, enfatiza a pediatra Juliana Dal Ponte Bitencourt, uma das responsáveis pelo serviço de oncologia pediátrica do hospital, juntamente com a pediatra Adalisa Reinke.

O serviço de oncologia do São José possui uma equipe multidisciplinar com um fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, enfermeira, psicóloga, nutricionista e dois pediatras especialistas em câncer infantil. Além disso, possui um serviço médico de apoio com um cirurgião pediátrico e um neurocirurgião.

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Ana Paula Bandeira
Assessoria de Imprensa SES
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