Acidentes com motos contribuem para superlotação das emergências
Crédito facilitado e financiamentos de longo prazo, entre outros fatores, impulsionam as vendas de motocicletas em Santa Catarina. Segundo informações do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), em 2009 o Estado contabilizava 776.027 motos. Até junho deste ano, o número subiu para 955.571. Isso representa um acréscimo de 23,14% da frota nos últimos quatro anos.
Paralelo a isso e com reflexo direto na saúde pública, as emergências dos hospitais registram, diariamente, uma lotação por conta do número cada vez maior de acidentes envolvendo motociclistas. Do início do ano até maio, os seis maiores hospitais que integram a rede da Secretaria de Estado da Saúde (SES) realizaram 3.029 atendimentos (veja tabela abaixo).
Além da superlotação, os acidentes com motos acabam contribuindo também para elevar o custo das emergências dos hospitais, uma vez que as lesões causadas muitas vezes são graves por conta da pouca proteção que a motocicleta oferece.
Libório Soncini, diretor do Hospital Celso Ramos, explica que 20 anos atrás os casos de ortopedia e traumatologia representavam cerca de 10% dos atendimentos. Hoje, esse percentual saltou para 53%. “Esses casos vêm aumentando muito nos últimos tempos, e os atendimentos envolvendo motociclistas representam mais da metade das ocorrências verificadas no setor de emergência”, observa Soncini.
Gastos com acidentes
Nos cinco primeiros meses deste ano, os dois maiores hospitais públicos de Santa Catarina, Hospital Regional de São José e Hospital Celso Ramos, gastaram, com todos os tipos de acidentes de trânsito, R$ 664.738,00 e R$ 1.382.395,00, respectivamente.
Dados coletados no mesmo período revelam que os hospitais Celso Ramos e Regional de São José, ambos referências na área de ortopedia, receberam, em média, entre 400 e 550 vítimas por mês. De janeiro a maio deste ano, o Hospital Regional de São José atendeu 1.529 ocorrências. No Celso Ramos, os atendimentos chegaram a 1.110.
Em 2012, o número de motociclistas acidentados e socorridos no Hospital Regional de São José chegou a 3.765, com uma média mensal de 601 atendimentos. O mês de março registrou o maior número de acidentes, com 427 vítimas. O Celso Ramos atendeu 2.487 pacientes. A média mensal chegou a 398 socorros de emergência. O mês de maior pico também foi o de março, com 230 ocorrências.
Lesões
Lesões resultantes de acidentes de moto são quase sempre graves. Os traumatismos crânio encefálicos e raquimedulares são recorrentes em acidentes com este tipo de veículo. As lesões muito graves estão relacionadas às amputações de membros, e as graves referem-se às fraturas de membros inferiores. As fraturas de membros superiores são classificadas como moderadas e as luxações consideradas leves, conforme informações coletadas no Hospital Celso Ramos.
Justamente por causa das graves lesões, o tempo de permanência nas unidades hospitalares aumentou consideravelmente. “Antigamente, pacientes de trauma e ortopedia ficavam no máximo oito dias internados. Agora, a taxa de permanência subiu para 20 dias por conta da gravidade dos ferimentos. E a maioria dos casos necessita de cirurgia”, explica Soncini, acrescentando que, como consequência, os gastos têm crescido muito nos últimos anos.
Atendimentos por acidentes de motocicleta:
Unidades Hospitalares de SC |
Quantidade Acidentes de Janeiro à Maio/2013 |
Hospital Florianópolis |
143 |
Hospital Regional Dr. Homero De Miranda Gomes |
2.309 |
Hospital Governador Celso Ramos |
1.746 |
Hospital Infantil Joana de Gusmão |
86 |
Hospital Hans Dieter Schmidt |
257 |
Hospital Waldomiro Colautti |
414 |
Informações adicionais:
Ana Paula Bandeira
Secretaria de Estado da Saúde
E-mail: anap@saude.sc.gov.br
Telefone: (48) 3221-2071