Missão na Europa busca parcerias empresariais e recebe certificação que reconhece qualidade internacional da carne suína de SC
Uma comitiva catarinense estará na Europa na próxima semana para participar de reuniões empresarias e receber importante certificação que reconhece a qualidade internacional da carne suína produzida em Santa Catarina. A comitiva será liderada pelo vice Eduardo Pinho Moreira. O grupo embarca nesta sexta-feira, 22, e retorna no próximo dia 30. França e Alemanha estão no roteiro.
Na França, a comitiva participa de assembleia da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), que começa domingo, 24, em Paris. Na quinta-feira, 28, a OIE entrega a certificação que reconhece SC como zona livre de peste suína clássica, na Fondation Maison de la Chimie. O status representa um importante diferencial na conquista de novos mercados para o produto catarinense. Santa Catarina e Rio Grande do Sul (que também será certificado no mesmo evento) serão os dois únicos estados brasileiros com a certificação internacional da OIE. Na Alemanha, a comitiva participará de encontros com empresários interessados em investir em Santa Catarina.
“Pela primeira vez, a OIE certificará países ou zonas livres de peste suína clássica, o que faz de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul uma das únicas regiões do mundo com esse reconhecimento. Esta será a segunda certificação internacional que garante a excelência sanitária do rebanho catarinense; desde 2007 a OIE reconhece SC como zona livre de febre aftosa sem vacinação, o que caracteriza o mais elevado padrão de erradicação de uma doença”, salientou Eduardo Moreira.
Fazem parte da comitiva, além do vice-governador, o secretário executivo de Assuntos Internacionais, Carlos Adauto Virmond Vieira; a diretora de Missões Internacionais, Fabiana Staudinger; o diretor da Fiesc, Carlos Henrique Ramos Fonseca; o chefe de gabinete, Paulo de Tarso Althoff Medeiros; o ajudante de ordens Edison Pereira da Silva Junior; o jornalista Vitor Hugo Louzado e o cinegrafista Airton Fernandes.
Na França, estarão também o secretário de Estado da Agricultura, Moacir Sopelsa; o diretor de Defesa Agropecuária, Roni Barbosa; o presidente da Cidasc, Enori Barbieri, e o coordenador do Programa de Saúde Suína, Jader Nones. E na Alemanha, representantes da Fiesc e da secretaria de Estado da Fazenda.
Agroindústria em SC
A produção de carne suína em Santa Catarina é referência mundial. O Estado é o maior produtor e exportador brasileiro do produto, conta com 10 mil criadores integrados às agroindústrias e independentes e produz cerca de 850 mil toneladas de carne suína por ano. Com um rebanho estimado em 7,9 milhões de cabeças, Santa Catarina é responsável por aproximadamente 35% das exportações brasileiras. Em 2014, foram exportadas 159 mil toneladas de carne in natura, no valor de US$ 548 milhões. Além da carne in natura, foram exportados também miúdos, embutidos e outros produtos.
Principais destinos em 2014
1º – Rússia
2º – Hong Kong
3º – Angola
4º – Singapura
5º – Chile
6º – Japão
7º – Uruguai
8º – Argentina
Evolução do preço pago ao produtor
Ano / Valor (R$)
2008: 2,254
2009: 1,73
2010: 2,109
2011: 2,128
2012: 2,23
2013: 2,59
2014: 3,10
2015 (média até março): 3,15
Fonte: Abipecs e ACCS
O novo status
A peste suína clássica é uma doença causada por um vírus que provoca febre e hemorragia em diversos órgãos, com elevada taxa de mortalidade em leitões. Ocorria com frequência nas criações da região Sul do Brasil até a década de 1980.
Em 1984, teve início em Santa Catarina o Programa de Erradicação da Peste Suína Clássica, com intensificação da vacinação. O último foco da doença em SC foi registrado em 1990, há 25 anos. E em 1992 foi suspensa a vacinação, juntamente ao Paraná e Rio Grande do Sul.
Em 2001, Santa Catarina foi reconhecida pelo Ministério da Agricultura uma zona livre de peste suína clássica, juntamente ao Distrito Federal e a outros 13 estados brasileiros (RS, PR, SP, RJ, MG, MS, MT, TO, GO, ES, BA, SE e RO). Em 2013, o Acre foi incorporado ao grupo.
Em maio de 2014, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) decidiu fazer a certificação mundial de peste suína clássica e agora certifica pela primeira vez zonas livres da doença entre seus 180 países membros. Do Brasil, apenas Santa Catarina e o Rio Grande do Sul serão certificados.
O diretor de Qualidade e Defesa Agropecuária da secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, Roni Barbosa, explica que o Estado já estava se preparando para erradicar a peste suína clássica e obter seu reconhecimento há cerca de dez anos, seguindo as diretrizes estabelecidas pela OIE. Por isso, já havia realizado diversos procedimentos, como implantação de barreiras sanitárias, vigilância ativa das criações e, realização de monitoramentos anuais para comprovarem a inexistência da doença no período de 2010 a 2014 (foram 123.906 análises laboratoriais).
“Os resultados obtidos não seriam alcançados sem a construção de uma sólida parceria entre o serviço de defesa sanitária animal do Estado e o setor produtivo, juntamente ao apoio dos governos estadual e federal na consolidação das políticas públicas voltadas para o setor. A condição diferenciada de Santa Catarina em relação aos demais estados brasileiros, reconhecida pela OIE, considerando as certificações de febre aftosa e de peste suína clássica, constitui um dos fatores determinantes para a conquista e a manutenção de mercados internacionais para a carne suína e outros produtos de origem animal”, afirma o diretor Barbosa.
Ele explica que países importadores, particularmente os mais competitivos e exigentes, como Japão, China, Rússia e Estados Unidos, devem passar a exigir nas suas importações também a certificação de peste suína clássica, além da febre aftosa. “As certificações sanitárias também serão imprescindíveis na busca de novos mercados para a carne suína catarinense, como a Coreia do Sul, União Europeia e México”, acrescenta.
Febre aftosa
Santa Catarina também já conta com outra importante certificação internacional: é o único estado brasileiro reconhecido como zona livre de febre aftosa sem vacinação, status certificado em 2007 pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
A febre aftosa é a enfermidade que mais causa prejuízo econômico a um país, especialmente pelas restrições aos mercados internacionais de animais e seus produtos.
É uma doença altamente contagiosa e causada por vírus. Provoca febre alta, feridas na boca, língua e cascos, salivação intensa e grande dificuldade para se locomover e se alimentar, levando a um acentuado emagrecimento e morte.
Santa Catarina iniciou o combate à doença em 1965. No período entre 1971 e 1983, a febre aftosa em SC registrou uma média de 462 focos por ano. Entre 1984 e 1990, a média baixou para 54 focos por ano. O último foco foi registrado em 1993 (há 22 anos). A última vacinação contra febre aftosa ocorreu em maio de 2000 (há 15 anos).
Atualmente, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) mantém 63 barreiras sanitárias fixas nas divisas com os estados do Paraná e do Rio Grande do Sul e também com a Argentina, para impedir o ingresso de animais e produtos de origem animal que possam veicular o vírus da febre aftosa e de outras enfermidades.
Organização Mundial de Saúde Animal
A Organização Mundial de Saúde Animal foi criada em 1924 para combater as enfermidades dos animais e conta com cerca de 180 países membros, dispõe de escritórios regionais em todos os continentes e mantém relações permanentes com 45 organizações internacionais. Um dos principais objetivos da Organização é garantir a transparência da situação sanitária no mundo, assim como a garantia da segurança sanitária no comércio mundial de animais e seus produtos, particularmente dos alimentos. As regras internacionais elaboradas pela OIE protegem os países contra enfermidades e são cumpridas pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
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