Preocupada com os prejuízos causados pela estiagem na agricultura de Santa Catarina, a Secretaria de Desenvolvimento Regional de São Joaquim reuniu, nesta quinta-feira, 8, produtores rurais e representantes do setor agropecuário da região para tratar da captação, armazenagem e uso múltiplo da água da chuva. A intenção é desenvolver, em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), sistemas eficientes de captação e armazenagem da água da chuva em pontos altos das propriedades, para que o processo de irrigação possa ser realizado por gravidade, com consumo mínimo de energia. Para apoiar o projeto e falar dos benefícios da iniciativa para os agricultores, o secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, Airton Spies, e o líder do Programa de Políticas Públicas da Epagri na Serra Catarinense, Otto Werner Pires, também participaram do encontro.

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A região de São Joaquim, formada pelos municípios de Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Rio Rufino, São Joaquim, Urubici e Urupema, é uma das mais extensas do estado e tem sua economia baseada nas atividades agropecuárias. Em função da estiagem e insolação ocorridas em janeiro deste ano, os técnicos da Epagri constataram um prejuízo real de R$ 92,6 milhões na produção agrícola da região, principalmente nas culturas de maçã, ameixa, milho, feijão, soja, batata, horticultura e pecuária de leite e de corte. “Para minimizar estes prejuízos no futuro, o produtor rural precisa agir preventivamente. Para isso, a primeira etapa é conhecer os programas, assim como formas de apoio, oferecidos pelo Governo do Estado para a captação e aproveitamento da água da chuva”, afirmou o diretor Geral da SDR São Joaquim, Albanez Sá.

O secretário Airton Spies explicou que Santa Catarina tem sua agropecuária baseada na pequena propriedade, por isso os produtores precisam se dedicar a atividades de alta densidade econômica, gerando renda em pequenas áreas, e isso exige altos investimentos, que precisam ser assegurados contra as frequentes estiagens que assolaram o estado em sete das últimas dez safras. “Para proteger e garantir a produção, os produtores precisam captar e armazenar a água da chuva e utilizá-la racionalmente em sistemas de irrigação, produção de animais e atividades gerais da propriedade”, destacou.

Spies lembrou ainda que em Santa Catarina chove em média entre 1.800 e 2.000 milímetros por ano, o que é água suficiente para uma boa safra agrícola. “Porém, dadas as irregularidades das chuvas, precisamos investir na captação da água da chuva quando é abundante para usá-la nos momentos escassos. O futuro sustentável da agricultura catarinense passa obrigatoriamente pela irrigação”, afirmou. Para o secretário, o maior potencial para irrigação está nas hortaliças, frutas, pastagens e grãos.

Como forma de incentivar e apoiar os investimentos em captação, armazenagem e uso múltiplo da água da chuva a Secretaria da Agricultura e da Pesca oferece aos agricultores dois programas: o Programa Juro Zero – Agricultura/ Piscicultura e o Programa de Fomento à Produção Agropecuária. Com R$ 80 milhões destinados a financiamentos para investimentos em projetos de captação e uso da água, além de iniciativas que buscam aumentar a renda e criar oportunidade de trabalho para as famílias rurais, o Programa Juro Zero subvenciona 100% dos juros previstos para as operações de crédito, com juro de até 2% ao ano. Já o Programa de Fomento consiste basicamente em financiamento de até R$ 20 mil por produtor para investimentos, com cinco anos de prazo para pagar sem adição juros. Para participar dos programas os produtores devem estar enquadrados no Pronaf.

Em breve, a Secretaria da Agricultura deve lançar também o Programa Kit Irrigação de Hortaliças, com investimentos de R$ 1,8 milhão em 2014 destinados a financiamentos para compra de equipamentos para irrigação. Para se beneficiar do Programa, os produtores deverão apresentar obrigatoriamente um projeto técnico, e receberão assistência técnica através da Epagri. O valor do financiamento para cada produtor terá um limite de R$ 7,5 mil e atenderá um hectare, o pagamento poderá ser feito em duas parcelas anuais sem adição de juros. A primeira parcela deverá ser paga em 2016. A meta do programa é atender neste primeiro ano 240 agricultores. O Programa será operacionalizado pela Secretaria e terá recursos próprios do Fundo do Desenvolvimento Rural (FDR).

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