Governo estadual aposta na fruticultura como alternativa ao cultivo de fumo
Uma pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) poderá apontar alternativas economicamente viáveis para substituir a cultura do fumo na pequena propriedade familiar rural. Nos últimos dois meses foram plantadas diversas mudas de uva, maracujá, cítricos, goiaba e bananas em Jaguaruna, no Campo Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Os primeiros frutos serão colhidos em 2014.
“Há uma grande expectativa por parte dos pesquisadores e produtores de fumo que usam solos arenosos quanto aos resultados do nosso projeto”, diz o engenheiro agrônomo Márcio Sônego.
Esses solos do tipo areias quartzozas estão presentes em 43.480 hectares de 13 municípios da faixa mais litorânea do Sul catarinense, onde a combinação de solo arenoso, relevo plano e clima ensolarado criam um potencial para a produção de frutas. Lá, as atividades econômicas mais comuns são a pastagem, o reflorestamento, o cultivo de fumo, mandioca e, recentemente, maracujá.
A produção de fumo de estufa rende o maior valor de produção bruta. Estima-se que em 2011 havia 37.000 hectares com tabaco no Litoral Sul de Santa Catarina, porém esse cultivo vem sendo ameaçado pelas campanhas antitabagismo. Os governos de mais de 120 países já assinaram a Convenção Quadro para o Controle de Tabaco, comprometendo-se em estimular a redução do consumo de cigarros e similares e a substituição do cultivo do tabaco por outras atividades rentáveis à pequena propriedade familiar rural.
O governo estadual vem auxiliando na busca de alternativas ao cultivo de fumo e repassou R$ 80 mil ao projeto “Fruticultura como alternativa à produção de fumo em solos do tipo Neossolo Quartzarênico do Litoral Sul de Santa Catarina”. O projeto foi escolhido pela Fapesc por meio da Chamada Pública Universal 04/2012, que também contempla a instalação de equipamentos para o monitoramento agroclimático daquela área litorânea.
Com o apoio, seis pesquisadores da Estação Experimental da Epagri em Urussanga – mestres e doutores em agrometeorologia, irrigação, fitopatologia, enologia, microbiologia e física do solo, os quais já trabalham com fruticultura especialmente no interior da região – passaram a se dedicar ao projeto.
Intenção é reduzir a comercialização de fumo. Foto: Cidasc/Divulgação
Entre eles está Sônego, Pesquisador em Agrometeorologia e Fruticultura Tropical da Epagri, que apresentou as conclusões da primeira fase da pesquisa à Fapesc. Ele prevê êxito nas fases seguintes: “Para o maracujá, os resultados já surgem no primeiro ano. Para a banana, os resultados necessitam de pelo menos duas safras, isto é, 27 meses. Já citros, goiaba e uva, colhem-se no segundo ano, mas os resultados definitivos aparecem no quarto ano. O sistema de irrigação implantado permitirá testar novas espécies vegetais após o término do projeto, e os resultados continuam sendo colhidos ao longo dos anos seguintes”.
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