Casan adota jardins filtrantes para viabilizar esgotamento sobre rodas em Descanso
Desenho de Projeto / Acervo CASAN
Ao contrário de uma Estação de Tratamento de Esgotos convencional, um jardim filtrante onde o conjunto solo e plantas é o que possibilita a degradação da matéria orgânica. Esse é o conceito do projeto modelo da CASAN que será colocado em prática a partir de fevereiro em Descanso, no Oeste catarinense, para o tratamento do lodo coletado dos sistemas individuais de esgotamento sanitário. Somente para construção da Unidade de Gerenciamento de Lodo (UGL) serão investidos R$ 2,3 milhões. A iniciativa faz parte do programa “Esgotamento Sobre Rodas”, com uso de caminhões para a coleta do lodo nas residências. O objetivo é a regularização e limpeza periódica de fossas dos imóveis, sem necessidade de grandes estações de tratamento de esgoto e implantação de redes de coleta.
Com os jardins filtrantes, o esgoto será processado sem uso de produtos químicos e equipamentos eletromecânicos tradicionalmente usados para acelerar o tratamento. Nesta modalidade, microrganismos que naturalmente se desenvolvem junto às raízes das plantas farão a depuração.
Desenvolvida em uma parceria com a Prefeitura de Descanso, a iniciativa já avançou em diversas etapas. Entre elas, o licenciamento ambiental e a contratação de empresa para construção da unidade de tratamento baseado na tecnologia de Wetlands (filtros plantados).
Eficiência aliada à beleza paisagística
“Wetlands são sistemas consagrados em diversos países, mas por exigirem grandes áreas de tratamento trazem alguns desafios e são ainda pouco adotadas no Brasil. Esse cenário está mudando e em Descanso contamos com a parceria da Prefeitura para ceder o terreno em que a unidade será construída”, explica o engenheiro químico da CASAN Alexandre Trevisan.
A CASAN também conta com a experiência da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no desenvolvimento da tecnologia. O objetivo é tratar com elevado padrão de qualidade um efluente variado, aproveitando os processos naturais de depuração e uma operação relativamente simples, semelhante ao cuidado que se deve ter com um jardim, o que permite a aplicação em municípios pequenos e com características rurais.
“Como Santa Catarina possui em sua maioria municípios de pequeno porte, esse é um projeto que tem potencial para ser adaptado à realidade de diversos outros municípios, atendendo a exigência da nova lei de saneamento para elevar a população beneficiada com esgotamento sanitário até 2033”, complementa o engenheiro que atua na área de Planeamento da CASAN.