Escola de Água Doce produz biofilme com resíduos da goiaba como alternativa ao plástico
Divulgação/SED
Estudantes da EEB Ruth Lebarbechon, do município de Água Doce, desenvolveram um biofilme – como alternativa ao plástico – e um biocurativo – para utilização em queimaduras – produzidos por meio dos resíduos da goiabeira-serrana. A ideia surgiu a partir do interesse pela conservação do meio ambiente e sustentabilidade, considerando o consumo do plástico e os resíduos orgânicos para sua substituição.
O projeto teve início em 2022, com a visita aos pomares de goiaba- serrana, fruta encontrada em abundância na região. O trabalho envolveu todos os alunos do ensino médio, que há mais de um ano realizam pesquisas de campo, bibliográfica e de experimentação. De acordo com a orientadora do projeto, Janete Aparecida Rodrigues, a goiaba é rica em nutrientes e apresenta uma variedade de compostos bioativos, como propriedade e capacidade antioxidante, antifúngica e antibacteriana.
“O objetivo do nosso projeto é oferecer uma proposta de biocurativo para utilização nas queimaduras e ferimentos leves, além de uma alternativa de substituição dos plásticos por um biofilme biodegradável à base da pectina extraída do mesocarpo da goiaba-serrana”, explica Janete.
Para a coorientadora dos estudos, Simone Lazzari, as pesquisas de campo, que vão desde a observação das árvores frutíferas, entrevistas com proprietários de pomar e conversas com agrônomos da Epagri, foram fundamentais para a aprendizagem sobre a fruta, que era desconhecida pela maioria dos alunos.
“Nós queremos valorizar as frutas do nosso bioma, que é a mata atlântica, além de trabalhar a sustentabilidade, a preservação, a conservação do meio ambiente e ainda estimular o empreendedorismo”, destaca Simone.
O projeto está dividido em várias etapas, que vão desde a preparação das sementes e o estudo de todo o processo de plantio da goiaba; pesquisas das referências teóricas e artigos sobre o tema; experimentos em laboratório do biofilme e biocurativo; produção da farinha da casca da goiaba e extração da pectina a partir do mesocarpo da fruta.
Para a produção dos biofilmes foram utilizados 22ml de água destilada, 25 ml de pectina caseira e 2,5g de farinha de goiaba. Os ingredientes foram levados ao fogo para ferver por 5 minutos à 90ºC. Depois de fria, a mistura foi colocada em uma estufa digital para a secagem durante três dias à 25C.
Os protótipos foram testados para avaliar o comportamento do material e suas propriedades químicas e mecânicas. Nos testes da água, o biofilme teve durabilidade de 12 horas e nos testes de decomposição no solo, o produto levou, em média, 24 horas para se iniciar a decomposição. Quando colocado sobre a ferida, o biocurativo pode favorecer na absorção de umidade e na desidratação das bactérias presentes, fazendo assim a junção rápida dos tecidos e cicatrizando pequenos ferimentos.
O projeto conta com a parceria da UNOESC – onde acontece, em laboratório, a testagem das propriedades mecânicas do protótipo- além do apoio e orientação do Centro de Inovação do Vale do Rio do Peixe (Inovale). Com o apoio da Coordenadoria Regional de Educação de Joaçaba, o projeto está ligado à pesquisa científica nas áreas interdisciplinares de Sociologia, Eletiva de Educação Empreendedora, Trilhas de Aprofundamento de Matemática, Física e Química.
Além das pesquisas relacionadas ao biofilme e ao biocurativo, a escola desenvolve estudos sobre a gastronomia da goiaba e as propriedades do óleo extraído das folhas da planta para produção de repelente natural, cosméticos e até pomada medicinal, explorando todas as possibilidades da espécie.
O projeto ainda está em desenvolvimento e o próximo passo é encaminhar a pesquisa para uma incubadora local, na intencionalidade de testagem final e possibilidades de comercialização do protótipo.