Psicólogos desenvolvem ações de prevenção às violências na escola e estratégias de intervenção sobre saúde emocional
Foto: Henrique Pizzolo/SED
Desde o início do ano letivo, uma equipe de bibliotecários, nutricionistas, assistentes sociais e psicólogos foi contratada de forma inédita para atuar na rede estadual de ensino. No total, são 244 profissionais que já estão trabalhando no órgão central da Secretaria de Estado da Educação (SED) e nas 36 Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) para qualificar e ampliar a atuação pedagógica junto às escolas da rede estadual.
Os 64 psicólogos que atuam no acompanhamento das demandas nas 1.053 unidades estão vinculados à Gerência de Modalidades e Diversidades Curriculares da SED. Eles desenvolvem ações de prevenção às violências na escola, bem como promovem estratégias de intervenção sobre saúde mental e emocional.
O trabalho dos psicólogos possui como base a Política Estadual de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às Violências na escola, existente desde 2011 e promovida pelos Núcleos de Educação e Prevenção (NEPRE), com representantes nas CREs e nas unidades escolares. O NEPRE envolve-se em discussões sobre combate às violências, uso e abuso de substâncias psicoativas, Cultura da Paz, Práticas Corporais, Programa Saúde nas Escolas (PSE), Combate ao Bullying, entre outras.
Integração com especialistas
Como explica a psicóloga da CRE de Florianópolis, Gisele de Mozzi, o trabalho dos profissionais é articulado com a comunidade escolar, gestores e a rede, para entender os fenômenos sociais que acontecem no contexto dos estudantes. “Nosso trabalho busca contribuir com as relações na escola, sempre pensando em ações conjuntas de enfrentamento e prevenção às situações de violência que perpassam o seu contexto”.
As demandas chegam a partir da realidade de cada unidade de ensino, fazendo uma escuta da comunidade escolar, para trabalhar e promover a saúde integral no âmbito da educação. Além da integração com os coordenadores do NEPRE nas escolas e nas CREs, os psicólogos trabalham em sintonia com os orientadores educacionais das 1.053 unidades escolares da rede estadual.
O trabalho dos profissionais inclui também o suporte às escolas em ações como: elaboração de projetos de prevenção às violências, promoção de estratégias de intervenção sobre saúde mental, sofrimento psíquico, questões emocionais, ameaças ou violações de direitos humanos e sociais, além de políticas públicas voltadas ao enfrentamento de preconceitos, discriminações e desigualdades.
O psicólogo Daniel Dall’Igna Ecker, atuante na equipe multiprofissional da SED, destaca que a inserção desses profissionais em 2022 é um marco histórico para a educação de Santa Catarina: “Nossa profissão foi regulamentada em 1962 e há anos nossos Conselhos Profissionais lutam por nossa inserção no âmbito da educação”.
Roda de conversa com líderes de turma
Cinco psicólogas integram a equipe multiprofissional da Coordenadoria de Florianópolis para atender as unidades escolares da região. Os trabalhos realizados nas últimas semanas incluem uma roda de conversa com estudantes líderes de turma do Ensino Médio da EEM Maria da Glória de Faria, em Biguaçu. A unidade conta com 928 alunos dessa etapa de ensino, divididos em 14 turmas no turno matutino, 12 no vespertino e nove no noturno.
No início do ano letivo, a orientadora educacional Ana Cristina Espíndola fez um levantamento dos temas envolvendo saúde mental que os alunos desejavam discutir e convidou a equipe da CRE para ajudar na criação de um projeto-piloto a ser executado ao longo do ano para garantir o atendimento das pautas dos representantes das turmas.
A ideia principal é trabalhar com temas transversais que estão presentes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), considerando sempre o protagonismo juvenil. Entre os temas transversais incluídos na BNCC estão: Educação para valorização da diversidade cultural, saúde, Cidadania e Civismo, que envolvem vida familiar e social e educação em Direitos Humanos, por exemplo.
Na ocasião, os cerca de 30 participantes sugeriram temas e ações que ficaram para um segundo encontro, que deve ser agendado para o mês de julho.
Convivência positiva
Para estimular uma convivência positiva no ambiente escolar, os temas “Empatia e Não-violência” foram trabalhados pelas psicólogas da CRE de Concórdia com 58 alunos do 6º ao 8º ano da EEB Vidal Ramos Junior.
As profissionais Josiane de Mattos Benachio e Tatiane Masiero da Silva realizaram, com cada turma, a dinâmica “Relatos da Vida”. Na atividade, foi entregue uma folha para cada aluno, solicitando que escrevessem uma situação ou problema pelo qual estivessem passando, sem se identificar, durante o tempo aproximado da música “A Paz”, da banda Roupa Nova.
Em seguida, as folhas foram recolhidas em uma caixa e embaralhadas com o objetivo de cada participante retirar aleatoriamente um “relato de vida” para a roda de conversa.
Durante esse momento, eles tinham como tarefa compreender a causa do problema e discutir as possibilidades de resolução ou auxílio. As psicólogas fizeram reflexões mediadas com algumas seguintes perguntas: “como me sinto recebendo uma demanda de relato particular de uma situação por parte do colega de sala?”, “quais expectativas que faço com as demais pessoas sobre mim?”, e “quais sentimentos prevalecem, ao me reportar a alguém?”.
Na visão da psicóloga Tatiane Masiero, a ação foi muito positiva, pois possibilitou trabalhar o autoconhecimento, as relações interpessoais e ainda “ampliar a importância de cada indivíduo no grupo e a convivência positiva”. A expectativa agora é ampliar a iniciativa para outras escolas da CRE, que conta com 20 unidades em sete municípios da região.
Ansiedade e depressão
Durante visita técnica a uma unidade escolar, o psicólogo da CRE Braço do Norte, Willian Matos, recebeu o pedido de abordar com os professores assuntos relacionados à ansiedade. Dessa forma, 200 profissionais da EEB Dom Joaquim, da EEB Cônego Nicolau Gessing e da EEB São Ludgero participaram de uma formação realizada ao longo de uma tarde.
Willian explica que a formação foi uma ação pontual importante, que teve como objetivo compartilhar conhecimento aos professores sobre adolescência e ansiedade, tendo em vista a necessidade de relembrá-los sobre os aspectos que caracterizam a adolescência e desmistificando algumas crenças sobre as temáticas abordadas.
”Foram apresentadas no material algumas estratégias para auxiliar os alunos nesses momentos de fragilidade”. Outro objetivo foi estimular grupo de profissionais a elaborarem estratégias específicas que contemplem a necessidade e realidade da escola. Neste momento, os professores puderam expor suas realidades e ideias.
“Nosso desafio é desenvolver a educação emocional nas escolas, fazendo com que o corpo docente entenda e insira o assunto nas atividades diárias do seu fazer pedagógico”, pontua. Agora, o próximo passo é realizar um diálogo com os estudantes dos Anos Finais do Fundamental e do Ensino Médio sobre ansiedade e depressão.
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Ana Paula Flores
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