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HERCÍLIO

PEDRO DA LUZ

Bandeirante por parte da mãe, Joaquina Ananias Neves da Luz, e açoriano pelo lado do pai, Jacinto José da Luz, de quem foi o sexto filho. Hercílio Pedro da Luz nasceu na cidade de Nossa Senhora do Desterro na noite do dia 29 de março de 1860. A casa em que ele veio ao mundo era um sobrado colonial de frente para o Palácio do Governo, tendo ao meio o jardim da grande praça.

Ficou órfão de pai aos nove anos incompletos, em 3 de abril de 1869. Seus primeiros estudos foram feitos em Desterro, no Ateneu Provincial. Seguiu para o Rio de Janeiro onde fez curso de Humanidades e mais tarde viajou à Bélgica para cursar a Universidade. Mas, há divergências sobre o curso que teria feito. Segundo Evaldo Pauli, ele diplomou-se em Engenharia de Artes e Manufaturas, na Universidade Liège. Mas, Djanira Maria Martins de Andrade sustenta que o curso foi o de Ciências Agronômicas e que a universidade foi a de Gembloux.

Voltou para Brasília e, em 13 de julho de 1883, retornou à cidade natal para uma visita de um mês e meio. Provisoriamente, iria tentar emprego no Rio de Janeiro. As oportunidades eram raras na província uma vez que o domínio político estava com os liberais que mais tarde seriam futuros federalistas da mesma forma que os conservadores se transformariam em republicanos.

Hercílio Luz retorna para além de matar a saudades, atualizar-se sobre os assuntos da época. Segue para a Corte no Rio de Janeiro, mas retorna em 30 de julho do ano seguinte para acompanhar o enterro da mãe. Tem, então, 24 anos e permanece em sua terra natal, sendo nomeado juiz comissário de Lages.

Em 1885, casou-se com Etelvina Cezarina Ferreira, filha de um comerciante da Capital. Do casamento resultaram 14 filhos. Ela faleceu em 1914. Já com sua segunda mulher, Corália, irmã mais moça de Etelvina, com quem contraiu núpcias em julho de 1915, teve cinco filhos.

Os primeiros cargos políticos do republicano Hercílio Luz, em Santa Catarina foram alcançados no tempo em que o poder passou ao controle do partido conservador. No país os ministérios ficaram em poder dos liberais entre 1878 e setembro de 1885, o mesmo acontecendo em relação aos presidentes de províncias que eram nomeados pelo Governo Central. Com o advento da República, parte dos conservadores e a totalidade dos liberais formaram o partido Federalista, enquanto os republicanos históricos e alguns conservadores formaram o Partido Republicano.

Na Província de Santa Catarina sucederam-se três presidentes conservadores com os quais ele exerceu suas primeiras funções: José Lustosa da Cunha Paranaguá o nomeou juiz comissário de Lages a 3 de janeiro de 1885. Francisco José da Rocha o exonerou. Augusto Fausto de Souza empossou-o no novo cargo de engenheiro da província, que ocupou até o inicio da República.

Fatos políticos ocorridos em Blumenau e que tiveram a liderança de Hercílio Luz e outros republicanos, contra os federalistas, fizeram o tenente Machado determinar a prisão de um funcionário federal. Denunciado e processado, o governador teve que se afastar em junho de 1893, assumindo o poder Eliseu Guilherme, líder federalista.

Saindo de Blumenau, Luz avançou com uma tropa de 50 homens sobre Tijucas, onde em junho de 1893 depôs o intendente e foi proclamado governador pela Câmara de Vereadores de Blumenau. O município passou a ser considerado Capital Provisória do Estado. A marcha prosseguiu, alcançando o Desterro, onde enfrentou as forças estaduais atacando e invadindo o Palácio do Governo.

A posse de Hercílio Luz, em 28 de setembro, como primeiro governador republicano eleito pelo povo de Santa Catarina, para um mandato de quatro anos, ocorreu em clima de festa.

Em 28 de maio de 1895, Hercílio Luz assinou um contrato cedendo 650 mil hectares devolutos para a introdução de colonos no Vale do Itajaí e no Norte do Estado. Esses passaram a entrar em larga escala sob iniciativa da Companhia Hanseática de Colonização, a mais bem sucedida entre as empresas colonizadoras então existentes e de cujas concessões originaram-se Ibirama e Corupá entre vários municípios.

Seu primeiro governo notabilizou-se pelo povoamento, pelo incremento da rede viária, pela melhoria dos portos, pela atenção ao ensino e estímulo à pecuária e agricultura. Graças a seus esforços, é instalada em 1896 e inaugurada no ano seguinte, na região do Contestado, a linha telegráfica entre Joinville e São Bento. Dentre outras obras de suma importância para o desenvolvimento do estado.

No mesmo ano que saiu do governo, fez sua estreia no poder legislativo. Para tanto, elegeu-se a 13 de dezembro de 1898 para o Conselho Municipal de Florianópolis, como segundo mais votado, com 629 votos. Permaneceu no cargo, para o qual havia eleições anuais, até 1902. Logo foi eleito presidente do Conselho, sendo sucessivamente reeleito.

Mesmo quando eleito Senador, em 1900, conforme permissão dos dispositivos legais da época, manteve-se cumulativamente no exercício do Conselho Municipal. Assim, aconteceu ocupar-se diretamente com os interesses de Florianópolis e do País de 1900 até fins de 1902.

Reelegeu-se por mais duas vezes com mandato de nove anos mas, renunciou ao segundo para assumir o Vice Governo do Estado, em 1918, num acordo com Lauro Muller que o fez ser o governador em exercício até o fim do mandato,1922.

Apesar de inúmeras realizações, Hercílio Luz ficou para sempre marcado por uma obra que hoje é festejada como o cartão postal de Florianópolis: a ponte pênsil que recebeu o seu nome. Para levá-la a cabo, além da boa situação financeira recebida do governo Felipe Schimidt, coordenou as fontes tributárias do Estado – com base na reforma tributária realizada em seu segundo governo – e foi buscar dinheiro no Exterior.

Em 21 de novembro de 1922 iniciou a obra da Ponte Hercílio Luz, após alguns problemas financeiros enfrentados pelos Governador.

As eleições presidenciais de 1 de março de 1922 foram muito agitadas. Delas Hercílio Luz participou ativamente, embora estivesse de olha na reeleição ao Governo do Estado. Para isso, desincompatibilizou-se em 31 de dezembro de 1921.

Livre dos encargos, burocráticos, passou então a dedicar-se ao comando político das campanhas eleitorais de 1922. Depois da entrega do cargo ao presidente do Congresso, o republicano histórico coronel Raulino Júlio Adolfo Horn, desocupou a residência oficial da Agronômica e foi para a sua chácara.

Assumiu pela terceira vez o governo em 28 de setembro de 1922, Hercílio faleceu, após dois anos de administração, em 20 de outubro de 1924. Não chega a exercer o poder integralmente nesse período, sendo substituído durante longos meses pelo vice governador Antônio Pereira Oliveira. Na verdade, governa apenas 16 meses dos dois anos e um mês que viveu neste seu terceiro quadriênio.

 

Fontes: DIÁRIO CATARINENSE, Governadores de Santa Catarina 1739/1993, Florianópolis, Editora DC, 1993. p. 24 31.

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